“É maravilhoso chegar até aqui, e comemorar tantos anos de trabalho com um CD impregnado de energia bonita, de gente positiva e pura como Ivan Lins, Rob Mounsey, Steve Rodby, Romero Lubambo, Chistopher Parker, Lew Soloff, Randy Brecker, Ken Freeman, Guilherme Reis, Lou Marini, Larry Bucksbaun, Mike Catalano e Will Lee.”
A saudação acima é da “cantora dos músicos” Jane Duboc ao comemorar 30 anos de vida musical lançando o CD Sweet Lady Jane (Jam Music). O time arrolado é o que trabalha com ela nas gravações, como os produtores Ivan Lins, Catalano e Lee, e os músicos brasileiros e americanos. As gravações aconteceram em janeiro passado, na Nova York, logo após os atentados.
“É o álbum que sempre sonhei realizar”, diz ela, lembrando que o projeto começou a ganhar vida quando o empresário (e marido) Paulo Morim idealizou um disco de rock, MPB e clássicos populares e apresentou o projeto para Ivan Lins. O resultado é um trabalho para voz e orquestra que há muito um intérprete brasileiro não ousa realizar.
Sua voz é emoldurada por uma orquestra de trinta músicos, com o luxo de ter Ivan Lins e o maestro e arranjador Rob Mounsey na percussão. A doçura da voz de Jane Duboc é aliada a um elegante trabalho. “Antes dela, recordam os produtores, somente Flora Purim ou Dalva de Oliveira (com Roberto Inglez e sua Orquestra, em 1948) perpetraram disco semelhante a Sweet Lady Jane.
Jane Duboc canta em português e em inglês, com a fluência de quem estudou e morou nos Estados Unidos. A canção-título é Lady Jane, um dos sucessos dos Rollings Stones. Harmonizada por Ivan Lins, a faixa ganha contornos de cool jazz. Com esse tom o CD abre já em clima intimista, revivendo Verão, de Rosa Passos e Fernanda de Oliveira. E logo desemboca numa doce sensualidade, quando ela canta De Alma e Corpo, de Ivan Lins e Celso Viáfora. Uma dúzia de canções perfeitas para a voz de Jane – afinada, mansa e profunda. Em inglês, faz ainda um passeio por Tom Jobim nas criações da “cantora dos músicos”, numa trajetória iniciada talvez no berço, em Belém do Pará, pois que a família é musical. Quando, então casada com o marido hippie Jay Vaquer, em 1969, chegou a percorrer os bares da Geórgia com uma banda heavy metal. Com Jay gravou seu primeiro compacto, já no Brasil, em 1972, depois de fazer vocal para Raul Seixas. E a produção do disco era dele. Jane deixou de ser Vaquer em 1976 e dessa união tem o filho Jay Vaquer, a quem toda a doçura de Lady Jane é dedicada.