Quem escuta os versos da música Naquela Mesa, que o jornalista, compositor e cantor Sérgio Bittencourt fez em homenagem ao pai, Jacob do Bandolim (1918-1969), não imagina que a relação entre eles foi bastante tumultuada. As divergências eram tantas que eles nem sequer se sentavam juntos à mesa de refeições e passavam meses sem se cumprimentar. Só fizeram as pazes no primeiro enfarte de Jacob, em março de 1967.

continua após a publicidade

Nos 50 anos da morte de Jacob do Bandolim, que se completam nesta terça, 13 de agosto, a biografia escrita pelo jornalista Gonçalo Júnior, Um Coração Que Chora – A Vida Genial e Alucinante de Jacob do Bandolim, faz outras revelações sobre o músico que modernizou o choro na música brasileira. Com cerca de 700 páginas, e ainda sem editora, o livro consumiu mais de cinco anos de pesquisa do autor, que teve acesso aos arquivos sobre o músico, que estão no IMS, MIS e Instituto Jacob do Bandolim, no Rio, além de livros, toda a discografia de Jacob, com 12 discos de estúdio, fora as coletâneas, e o diário escrito pelo músico entre 1934 a 1941.

O autor pesquisou 400 horas de gravações, 7 mil documentos, e fez por volta de 20 entrevistas sobre o músico que também foi tema de outra biografia, Jacob do Bandolim, de Ermelinda A. Paz, de 1997.

“Jacob é o personagem mais engraçado, fascinante, explosivo, que já biografei, e que deixou discos geniais como Vibrações, que para mim é o maior da música popular brasileira”, conta Gonçalo Júnior em entrevista ao Estado. E não é pouco essa afirmação do autor, que escreveu biografias de personagens como Vadico, Assis Valente, Evaldo Braga, Rubem Alves, Alceu Penna, além do livro sobre o Bandido da Luz Vermelha, que será lançado no segundo semestre, pela editora Noir.

continua após a publicidade

Jacob do Bandolim foi um dos grandes músicos do choro, apesar de ter feito composições de outros gêneros, como samba e o frevo. Ao longo da carreira, iniciada nos anos 1930 – apesar de só ter lançado o primeiro disco somente em 1947, pela Continental -, ele modernizou o choro com a introdução de outros instrumentos não usuais no gênero, como acordeom, flauta e vibrafone. “Jacob era fervoroso defensor da tradição do choro, mas isso não o impediu de experimentar e inovar o gênero.”
Nada mal para um autodidata que ganhou o primeiro instrumento da mãe judia, Sarah Raquel Pick, ainda criança, e se converteu ao gênero assim que escutou um choro de autoria de clarinetista e compositor Luiz Americano.

Grande gênio da música brasileira, Jacob colecionava desafetos e implicava com a bossa nova. Hipocondríaco ao extremo, Jacob decidiu, aos 25 anos, extrair todos os dentes, porque lhe disseram, lá pela década de 1940, que a maior parte das doenças vinha da boca.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

continua após a publicidade