Jac Leirner inaugura retrospectiva na Estação Pinacoteca

Autobiográfica, irônica e bebendo diretamente na tradição construtiva da arte, Jac Leirner inaugura amanhã na Estação Pinacoteca uma mostra que coloca em antologia sua produção de desde os anos 1980 até os dias de hoje. “O que atravessa a obra dela? O interesse simultâneo pelos objetos do cotidiano e a organização do mundo por formas e cores”, diz Moacir dos Anjos, curador da retrospectiva. “Às vezes eu tinha a convicção de que cada trabalho meu tinha um corpo próprio, mas com o tempo percebi que todos eram de fato o mesmo”, afirma Jac Leirner.

É por meio de uma antologia como esta, a primeira que a artista realiza em sua cidade natal, São Paulo, que se pode ter uma ideia nítida da coerência direta de criações que, desde o fim dos anos 80, tornaram Jac Leirner a primeira de sua geração a ter alcance internacional – ela expõe desde esse período em diversos países e tem obras nos acervos de instituições de peso como o MoMA e o Guggenheim de Nova York, entre outras. Simplório dizer que Jac Leirner é a artista que usa acumulações e repetições de sacolas plásticas, cinzeiros e cobertores de aviões, maços de cigarro, adesivos ou cédulas de dinheiro em suas obras: a construção de seus trabalhos são objetivamente a junção do olhar pictórico para o banal, a articulação de “duas formas concorrentes de ver o mundo, mas que não se tensionam”, afirma Moacir dos Anjos. “Digo sempre que faço escultura, mas minha cabeça é de pintora”, diz a artista.

A monumental e famosa instalação Nomes, de 1989, ocupa duas paredes com sacolas de plástico das mais diversas, estufadas com entretelas e poliéster. De longe, uma explosão de cores; de perto, o cotidiano, certo absurdo. Outra obra conhecida é Os Cem, de 1986, escultura no chão formada por notas de 100 Cruzeiros – obviamente, remetendo às inflações econômicas. “No começo dos anos 90, meu trabalho caía como uma luva para questões como globalização, economia, circulação de materiais, mas são coisas que coloco de lado, que a obra sugere, mas que não me interessam, minha questão é a arte”, afirma Jac. Uma novidade da mostra é a exibição, pela primeira vez, de aquarelas da artista, a “nostalgia da cor pura e do exercício”, pequenas e datadas de desde 1982. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Jac Leirner – Estação Pinacoteca (Largo Gal. Osório, 66). Tel. (011) 3334-4990. 10h/ 18h (fecha 2ª). R$ 6 (sáb. grátis). Até 26/2. Abertura sábado, 11h.

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