Foram mais de 20 anos de carreira sem ter um único álbum próprio. Os irmãos Paulo e Ricardo Santoro iam sempre postergando, tocando projetos paralelos – eles têm participações em 19 discos -, até que decidiram: deste ano não passa. E lançaram esta semana o disco Bem Brasileiro, pela gravadora A Casa Discos, uma coletânea totalmente dedicada a compositores brasileiros do século 20 e contemporâneos.
O título não poderia ser mais apropriado. Por dois motivos. Primeiro, a escolha das faixas: de Heitor Villa-Lobos a João Guilherme Ripper, passando por choros, serestas, modinhas e temas folclóricos, o disco traça um panorama da música de concerto inspirada em elementos nacionais. Segundo, porque revela um importante traço do duo, que tem como uma de suas principais metas divulgar a música brasileira. O álbum traz cinco peças compostas especialmente para a dupla, além de uma exclusiva para o CD.
No disco não podia faltar O Trenzinho do Caipira, popular melodia villalobiana que se tornou carro-chefe da dupla; a Modinha, de Francisco Mignone, ídolo e tema de mestrado dos irmãos; e Nazareteando, escrita para a dupla pelo argentino naturalizado brasileiro José Alberto Kaplan e inspirada no pianista carioca Ernesto Nazareth – que neste ano recebe homenagens por ocasião de seu 150º aniversário de nascimento.
Da série de 24 faixas, a dupla traz ainda Três Duetos Modais, do alemão naturalizado brasileiro Ernst Mahle, mostrando a desenvoltura com que o compositor incorporou elementos brasileiros em sua formação musical europeia; Seis Duetos, de Ernani Aguiar, pela primeira vez reunidos integralmente em um CD; e Choro, do imigrante polonês Waldemar Szpilman – que, como o duo, transitava com desenvoltura entre a música de concerto e a popular. Na escolha das peças, o duo contou com a ajuda do produtor Sergio Roberto de Oliveira, indicado ao Grammy Latino de 2012, que ainda compôs a última faixa do álbum, Bis, composição inédita feita especialmente para o CD.
O objetivo dos irmãos é que o disco se torne uma referência na música brasileira para dois violoncelos. “A cobrança do público estava cada vez maior e pra deixar algo registrado eternamente também queríamos um pouco mais de maturidade, para que essa gravação não fosse só mais uma no mercado. Queríamos um CD que fosse um registro significativo do que nós desenvolvemos ao longo desses 23 anos”, diz Paulo.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.