Há dois anos, o próprio Thierry Frémaux, diretor artístico do Festival de Cannes, subiu ao palco do Théâtre Debussy, palco da mostra Un Certain Regard, para apresentar o filme Atrizes, que participava da seleção oficial. Ele se referiu à atriz e diretora Valeria Bruni Tedeschi como uma artista, mas principalmente uma pessoa, muito querida pelo mais importante evento de cinema do mundo. Valeria, irmã da primeira-dama da França Carla Bruni, estava emocionada. Ela dedicou a sessão ao irmão, que foi seu maior incentivador, mas morreu sem ter visto Atrizes. A sessão começou, assim, sob o signo da emoção.
No encerramento do festival, Valeria ganhou o prêmio especial do júri, que veio se somar aos outros que já havia recebido como diretora. Seu longa de estreia, Il Est Plus Facile pour Un Chameau… foi premiado nos festivais Tribeca e de Ancara e recebeu o Prêmio Louis Delluc, um dos mais importantes da França, como melhor filme de 2007. Em Cannes, Valeria explicou que a origem de Atrizes está numa conversa que ela teve com sua amiga, a também atriz e diretora Noémie Lvovsky; um episódio a marcou profundamente.
Valeria interpretava a peça Um Mês no Campo, de Turgueniev, quando foi substituída, no meio da temporada, pela assistente do diretor. Essa história de uma pessoa que toma o lugar de outra começou a obcecá-la, até porque a arte da representação consiste em usar máscaras e dar vida ao outro (à outra). Foi surgindo a protagonista de Atrizes, admirada no palco, leva o que parece uma vida plena, mas a morte do pai a leva a se defrontar com a própria solidão. A heroína acorda no meio da vida para descobrir que sua rotina estava fora de foco, fora da realidade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
