Interação entre gastronomia e arte no Beto Batata

Nos últimos anos a interação entre gastronomia e arte está se tornando comum em bares, restaurantes e livrarias de Curitiba. Nesses locais, a cultura tem espaços generosos – cada vez mais concorridos por artistas conhecidos e desconhecidos do público curitibano.

Um dos pioneiros destas iniciativas é o restaurante Beto Batata, que há mais de dez anos, abre suas portas aos artistas. De acordo com o proprietário, Robert Amorim, desde 1998 o bar mantém a postura a todos que desejam lançar livros, realizar performances musicais, expor fotografias, quadros, esculturas e até cartuns. “Minhas paredes representam a liberdade de expressão, é um espaço democrático disponível a todos. Damos total suporte para que os artistas apresentem seus trabalhos. Famoso ou não, todos terão nosso apoio”, conta.

Para Amorim, o clima das exposições em galerias é a principal razão do crescimento de estabelecimentos abertos aos artistas. “O principal objetivo desses tipos de exposições é mudar aquele clima sério que normalmente vemos em galerias de arte. Quando as obras estão num restaurante, por exemplo, as pessoas passam a ficar mais descontraídas e, consequentemente, avaliam melhor as obras expostas”, diz.

Para participar das exposições os interessados devem ter seus trabalhos avaliados por membros do restaurante. “Nosso critério é bem simples: o artista apresenta o material. Se for interessante, é aprovado e entra na fila. Já temos exposições agendadas até março de 2009. Para darmos conta da quantidade de material, cada trabalho fica de 28 a 35 exposto no bar”, explica.

Além de ter seu trabalho reconhecido pelo público, mostrar as obras no Beto Batata pode trazer lucros aos artistas. “Muitas delas são vendidas no próprio restaurante. Não cobramos nenhuma taxa por isso, é como um estímulo para a arte”, conta.

A pizzaria Alberto Massuda também oferece espaço para os artistas mostrarem seus materiais. Para o proprietário, Cadri Massuda, a beleza dos pratos enriquece ainda mais o ambiente. “A própria gastronomia já é uma arte. Muitas pessoas vêm ao estabelecimento para prestigiar as obras e acabam jantando”, conta.

De acordo com o empresário, o cotidiano apressado faz com que as pessoas se afastem das galerias de arte. “A vida corrida que temos hoje nos distancia das galerias. Temos então, que nos adaptar a esse cotidiano, trazendo a cultura novamente para a vida da população. É como um resgate à cultura que possibilita apreciarmos tanto a gastronomia quanto a arte ao mesmo tempo”, explica.

Livros e quadros

Por viver de cultura, é natural que as livrarias também trouxessem, para dentro de seus espaços, exposições, fotos e demais manifestações artísticas. “Para participar é necessário seguir um edital divulgado todo ano pela livraria. Os artistas mandam fotografias das suas obras que são avaliadas por um júri composto por artistas plásticos e membros da livraria”, diz a gerente de Marketing da Livrarias Curitiba, Adriane Pasa. A empresa reserva um grande espaço em sua loja no shopping Estação para esse fim.

Atualmente, a loja expõe as fotos da coleção Crônicas curitibanas, de Daniel Caron. “Nas fotos, mostro as várias faces de Curitiba. No centro, por exemplo, é possível ver de senhores vestidos como nos anos 1930s até jovens de cabelo verde. É um mundo onde todos se encontram”, descreve.

Para o artista, esse tipo de exposição é essenciais para que seu trabalho fique conhecido. “Para quem está começando é uma ótima oportunidade de divulgação.

Funciona como uma vitrine para alcançar outros patamares. É também um bom teste para saber a repercussão das obras que colocamos a prova do público”, relata. De acordo com Caron, fazer arte hoje não é como, antigamente. “Hoje em dia, para ser artista, não basta apenas ser radical. É preciso estudar muito e se preparar para obter reconhecimento e aprovação do público. E esse contato direto é fundamental para isso”, analisa.

Programação

*O Beto Batata apresenta a exposição Mulher minha marilu mãe mundo, da fotógrafa Renata Becker, até 5 de outubro. Rua Professor Brandão, 678, no Juvevê. (41) 3262-0840.

*A exposição Crônicas curitibanas, do fotógrafo Daniel Caron, pode ser vista na Livrarias Curitiba do Shopping Estação até o próximo dia 27. (41) 3330-5118.

*A pizzaria Alberto Massuda abrirá, a partir do dia 23, um encontro reunindo membros da literatura paranaense que irão declamar poemas ao público. Rua Trajano Reis, 443, no São Francisco. (41) 3076-7202.

*O Jokers Pub Café apresenta a exposição individual do esloveno Jakob Klemencic. São 20 trabalhos em várias técnicas, como gravura em metal. A entrada é franca e fica em cartaz até o dia 4 de outubro. Rua São Francisco, 164. (41) 3324-2351.

*A Cachaçaria Mambembe traz a Curitiba o grupo Reis do Riso com o ator Thiago Di Giovanni.

Rua Barão de Guaraúna, 550, no Juvevê. (41) 3353-2970 ou 3019-2970.

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