Em diferentes formas de manifestação artística, as mais novas tecnologias têm ganhado o seu espaço, a partir da percepção dos artistas de como é possível agregar esses elementos para produzir um espetáculo inusitado.
Novidade? Nem tanto. Em meados da década de 1965, a coreografia de dança Variations V, de John Cage e Merce Cunningham foi pioneira em relacionar os bailarinos e a tecnologia disponível naquele momento.
Tendo esse ponto de partida como inspiração, a PIP Pesquisa em Dança, companhia paranaense dirigida pela bailarina e coreógrafa Carmen Jorge, inicia na próxima terça-feira (23) a temporada de seu mais novo espetáculo, We cage, em Curitiba.
Durante a apresentação, o público pode esperar muita interação entre dança e recursos tecnológicos. O resultado é um espetáculo inédito, produzido com ferramentas atuais como os softwares MAX MSP, Isadora e Live.
Eles permitem a interação dos movimentos dos bailarinos com sons, luzes e imagens processados ao vivo na cena, graças ao uso de computadores e de sensores.
Para se chegar a esse produto final, a companhia trabalha exaustivamente na pesquisa e em levantar material bibliográfico e videográfico para embasar a concepção do espetáculo.
“O espetáculo surgiu da ideia de estudar a Variation V, primeira obra histórica que se tem registro ao reunir dança e tecnologia, como o bailarino controla elementos como som e luz através do movimento”, explica Carmen.
Concepção antiga, mas com aprimoramento na tecnologia. Nos anos 1960, tudo era feito eletronicamente, não havia a tecnologia digital. “Hoje existem muitos softwares que trabalham em conjunto com essa ideia. Embora com mais opções, a complexidade do trabalho continua a mesma”, avalia.
O We cage é viabilizado com recursos da Fundação Cultural de Curitiba (FCC), por meio do edital Produção e Difusão em Dança. “Somos a única companhia de dança do Paraná que faz esse tipo de pesquisa, de dança e tecnologia com sensores. A gente está desbravando a videodança aqui também”, comenta Carmen.
A PIP já participou de importantes eventos de dança, como o Fórum Internacional de Dança em Belo Horizonte (MG), a Mostra Contemporânea do Festival de Dança de Joinville (SC) e festivais em Nova York (EUA) e Florença (Itália).
Um espetáculo anterior da companhia, Barraco, de 2006, já tentava trabalhar com essa mistura, ao levar uma TV e uma câmera para o palco e pensar em como a imagem poderia contribuir para a geração de sentido para as cenas.
“Depois de pesquisa e cursos, surgiu oportunidade para esse edital da FCC, de colocar a questão dos sensores na cena, que eu ainda não tinha feito”, relata a coreógrafa. Saiba mais sobre o projeto acessando o blog www.pipwecage.blogspot.com.
Oficina
A companhia prepara uma oficina gratuita, a Poéticas tecnológicas, para os interessados em saber mais sobre essa interação. Entre os conteúdos previstos estarão uma introdução à história da vídeodança e exercícios práticos de criação de movimento e coreografia para a câmera. Ainda não foram definidos local e datas de realização. Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail pip@pip.art.br.
Serviço
Espetáculo We cage. De 23 de fevereiro a 14 de março. De terça a domingo, às 20h. Sessões extras nos dias 13 e 14 de março, às 16h. Teatro Cleon Jacques (Rua Mateus Leme, 4700, Parque São Lourenço). Ingresso: uma lata de leite em pó.