Depois da morte de Ana Cristina Cesar, há exatos 25 anos, sua poesia e seus pensamentos vêm sendo relançados pelas editoras Ática e Aeroplano, em parceria com o Instituto Moreira Salles (IMS), detentor de seu acervo. É uma forma de fazer com que a poeta, conhecida como Ana C., considerada ícone da chamada poesia marginal dos anos 70, chegue às novas gerações de leitores, diz o poeta Armando Freitas Filho, seu amigo e admirador.
Hoje, ele e outros que conviveram com ela se reúnem no IMS do Rio para lembrar sua obra e sua (breve) vida (Ana C. se suicidou em 29 de outubro de 1983, quatro meses depois de completar 31 anos). Para as 19h30, está programada uma conversa em torno da poeta, entre Freitas Filho, Clara Alvim e Viviana Bosi. Clara, professora dela no curso de Letras na PUC do Rio, foi quem a “descobriu”, no início da década de 70; Viviana é professora do Departamento de Teoria Literária da Faculdade de Letras da USP e organizou Antigos e Soltos, livro que será lançado na ocasião.
A publicação, bem alentada, reproduz, em fac-símile, quase todo o conteúdo da chamada “pasta rosa” de Ana C., encontrada por sua família alguns anos após sua morte, dentro de uma mala de roupas. São textos que ela guardou por muitos anos, sem destiná-los a publicação, e que dizem muito sobre sua personalidade – estão divididos em sete categorias, entre elas, “prontos mas rejeitados”, “inacabados”, “primeiras versões” e “o livro”. Vão desde redações que escreveu na época de escola, com elogios da professora, a textos de pouco antes do suicídio, passando por anotações em guardanapos e papeizinhos, lembretes para si mesma, manuscritos diversos, poemas reescritos duas ou três vezes, frases soltas. Todo o material foi catalogado por Manoela Daudt de Oliveira.
O acervo com os originais da autora de A Teus Pés, que tem Freitas Filho como curador, foi doado ao IMS por sua família. É, hoje, o mais consultado do centro cultural do Rio, segundo Liliana Giusti Serra, coordenadora das bibliotecas do instituto. O que mostra que, passados 25 anos de seu desaparecimento, ela segue despertando paixões. A maior parte dos que procuram é estudante.
Ana C. nasceu em 1952 e morou no Rio, em Niterói e no exterior. Ficou conhecida pela poesia confessional, tendo sido projetada por A Teus Pés, lançado em 82. Além de escrever seus poemas, atuou como tradutora (verteu para o português Sylvia Plath e Emily Dickinson), publicou em jornais e trabalhou na televisão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.