A venda de música por streaming no Brasil subiu 53,6% de 2013 para 2014, e o modelo já se consolidou como o que tem maior potencial de ascensão, divulgou nesta terça-feira, 14, a Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD). O crescimento das vendas digitais, que incluem também os downloads e o uso de música na telefonia móvel (como o ringback tone, a música que se ouve quando a chamada está sendo completada) foi de 30%.

continua após a publicidade

Já o mercado físico segue em declínio: as vendas de CDs, DVDs e Blu-Rays caíram 15,44% em 2014 – índice superior ao mundial, que ficou em 8,1%, conforme o relatório da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI).

Ano passado, os cinco artistas brasileiros com mais CDs vendidos foram: padre Marcelo Rossi, padre Alessandro Campos, Malta, Paula Fernandes e Roberto Carlos.

Hoje, a renda advinda do digital já representa 48% do mercado brasileiro, o que regula com a média mundial. A IFPI credita a popularização do streaming – quando não se baixa a música, havendo apenas transmissão momentânea de dados – aos jovens consumidores, que não têm o costume de ser proprietário das músicas que ouvem.

continua após a publicidade

A popularização dos smartphones é outro impulso. “Já são 60 milhões no Brasil, um aumento de 35% em 2014. O ecossistema hoje é ideal para o streaming”, afirma Paulo Rosa, presidente da ABPD. Ele cita não só o fato de as principais operadoras estarem prosperando no Brasil, caso do Spotify, Deezer, Rdio, Napster e Goople Play, mas também a expectativa quanto à chegada dos serviços do YouTube e da Apple.

Para Marcelo Castello Branco, ex-executivo de gravadoras, as vendas digitais devem tomar 70% do mercado já nos próximos dois anos. “A possibilidade de a pessoa pagar R$ 15 para subscrever um serviço e ter acesso a tudo que gosta tornou a pirataria algo totalmente ultrapassado e desnecessário”, observa. Ele acredita que o crescimento esteja rápido no Brasil por conta da demanda reprimida. “A gente está tirando o atraso. O iTunes entrou aqui quase sete anos depois de chegar à Europa. Mas ainda existe o problema de não funcionar com moeda local”, ressaltou Castello Branco, responsável pela negociação que possibilitou disponibilizar mais de mil músicas de Roberto Carlos no Spotify.

continua após a publicidade

Marcelo Soares, presidente da Som Livre, gravadora campeã de vendas de DVDs, com o infantil Galinha Pintadinha 4, e segundo lugar nos CDs, com o padre Alessandro Campos – e que viu já no ano passado o meio digital superar o físico -, crê que o pior momento para a indústria da música já tenha passado. “O mercado físico cai desde 1999 e o digital ficou muito tempo sendo conduzido só pela pirataria. Agora, só falta a banda larga permitir o streaming com qualidade no carro e no celular da classe média. Aí o CD vira objeto de colecionador, como o vinil.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.