Não há notícia boa no horizonte. O mercado editorial está no vermelho e a crise tende a piorar nos próximos anos. A análise do presente é da Pesquisa Produção e Venda do Setor Editorial, que revelou, nessa quarta, 1.º, em São Paulo, o desempenho das editoras em 2015. A do futuro é um misto do que os levantamentos mensais feitos pela Nielsen estão mostrando, das notícias sobre cancelamentos de compras governamentais em todas as instâncias e do desânimo do mercado.

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Para onde olhamos nesta nova edição da pesquisa feita pela Fipe por encomenda da Câmara Brasileira do Livro e do Sindicato Nacional de Editores de Livros, que apresenta uma estimativa elaborada a partir de uma amostra de editoras, os números gerais são todos negativos.

O crescimento nominal do mercado foi negativo em 3,27%. Isso significa um decréscimo real de 12,6% considerada a inflação do período. Foi o pior desempenho desde 2002, quando o faturamento caiu 14,51% em termos reais.

Estimado em R$ 5,2 bilhões, o mercado editorial brasileiro vem enfrentando baques ao longo dos últimos anos e os fatores são muitos: dependência das compras governamentais, concorrência que faz diminuir o preço do livro, falta de leitores, ausência de um best-seller salvador da pátria. Dessa fatia, a venda para o mercado, principal vilão do ano, representou R$ 4 bilhões (-3,99%) e, para o governo, US$ 1,2 bilhão (-0,86%). Em 2014, o faturamento foi de R$ 5,4 bilhões (R$ 4,1 bilhões para mercado e R$ 1,2 bilhão para o governo).

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Em 2015, foram impressos 446 milhões de exemplares (-10,8%) e vendidas 389 milhões de cópias (-10,6%). Queda também, de 13,87%, no número de títulos produzidos, que somaram, naquele ano, 52.427 unidades – desses, 17.282 (-10,39%) são novos e 35.146 (-15,4%) reimpressões.

O pior desempenho é do setor de obras gerais, que caiu 20,94% em títulos produzidos (18.319), 19,28% em exemplares impressos (112,8 milhões), 19,44% em exemplares vendidos (115 milhões) e 10,25% em faturamento (R$ 1,4 bilhão).

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“Esse mercado não consegue deslanchar e é muito dependente de uma boa capilaridade do ponto de venda e de ter livrarias e pontos de vendas mais fortalecidos. É por isso que insistimos tanto na lei do preço fixo, que melhora a condição do varejo.”, diz Marcos da Veiga Pereira, presidente do Sindicato Nacional de Editores de Livros.

Crise também na literatura infantojuvenil, dentro do subsetor de obras gerais. Foram produzidos 33,5 milhões de exemplares a menos que em 2014. A ausência, em 2015, do Plano Nacional de Biblioteca Escolar (PNBE), que é sazonal, foi considerada a principal razão para o desempenho. A média anual de compra desse programa governamental, no entanto, é 11 milhões de exemplares por ano. O mercado de livros infantis representava, em 2014, 7,43% dos títulos produzidos no País. Caiu para 2,8%. Já o de juvenis diminuiu de 4% para 2,5%.

Em 2015, traduziu-se menos: 4.781 ante 5.918 em 2014, uma variação negativa de 19,21%. Também foram lançados menos livros de autores brasileiros: 47.646, em 2015, e 54.911, em 2014 (-13,81%).

A livraria ainda é o principal canal de comercialização. Representa 51,3% do mercado em termos de exemplares vendidos e 58,37% do faturamento das editoras. O digital estagnou, e o faturamento registrado foi o mesmo de 2014: R$ 16,7 milhões. O número ainda não é representativo, pois é resultado da soma das respostas das editoras participantes. Em 2015, foram produzidos 7.832 livros digitais no País e 1,2 milhão de exemplares foram vendidos.

“Os números assustam e o que mais me entristeceu foi o desempenho da literatura infantojuvenil. Infelizmente, o livro ainda não é gênero de primeira necessidade. Numa crise, ele é cortado. E nunca vi um momento como esse que estamos passando. Nenhum setor da economia está respirando, e não seria diferente com a gente”, diz Luis Antonio Torelli, presidente da Câmara Brasileira do Livro. “Estamos atravessando o deserto, com todos se reestruturando e tentando ser mais eficientes. O momento está difícil”, conclui Pereira.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.