“O Artista” e “A Invenção de Hugo Cabret”, os dois favoritos para o Oscar de melhor filme deste ano, estão em lados diametralmente opostos no que diz respeito à tecnologia aplicada em suas criações. O primeiro é mudo e em preto e branco. O segundo, multicolorido, em 3D e Imax. Em comum, eles carregam uma legítima e emocionada declaração de amor ao cinema – fato que também deve agradar aos jurados do Oscar. A briga entre os dois, portanto, promete ser dura.
Enquanto “O Artista”, do diretor Michel Hazanavicius, teve dez indicações e estreia no Brasil hoje, “A Invenção de Hugo Cabret”, de Martin Scorsese, lidera com 11 indicações e tem previsão de estreia no País no dia 17, véspera do carnaval. No caso do francês “O Artista”, indicado em categorias como melhor filme, melhor ator (Jean Dujardin), melhor atriz coadjuvante (Bérénice Bejo), melhor edição e melhor trilha sonora, a discussão remete ao momento em que vivemos hoje. Estamos na fronteira entre o futuro e o passado tecnológico. Indústrias como as da música, da comunicação e do próprio cinema enfrentam o dilema e o desafio de se reinventarem. Pelo caminho, é claro, ficarão aqueles que não conseguirem lidar com essas mudanças. É assim em “O Artista”, só que a diferença, neste caso, é a voz.
O ano é 1927 e George Valentin (brilhantemente interpretado por Dujardin) é o maior astro de Hollywood. Todos o idolatram. Ele é rico, famoso e tem as mulheres que quer. Seus filmes mudos são sucesso de bilheteria. Em um de seus trabalhos, Valentin contracena com a jovem talentosa figurante Peppy Miller (a atriz Bérénice Bejo, mulher do diretor).
Dois anos se passam e o cinema ganha voz. O público não quer mais assistir a filmes mudos e Peppy, excelente cantora e dançarina, se transformou na maior atriz do mundo, enquanto Valentin amarga o ostracismo, justamente por acreditar que adicionar voz aos filmes é quase uma perversão à sétima arte.
Fica claro, desde o início, que os dois se apaixonaram desde a primeira vez que se viram. Mas cada um tomou seu rumo. Ao lado de Valentin, só ficou seu mordomo Clifton (James Cromwell) e seu fiel cãozinho Uggie. O animal, aliás, rouba a cena. Infelizmente, o cãozinho, que está com dez anos, deverá se aposentar. Segundo seus treinadores, ele sofre de problemas neurológicos de difícil cura. Uggie, apesar de não ter sido indicado ao Oscar nem ao Globo de Ouro (apesar de pedidos dos fãs), concorrerá a estatueta Osso de Ouro, que será entregue durante a primeira premiação da Coleira de Ouro, promovida pela revista “Dog News Daily”.
É difícil de acreditar, mas, de fato, trata-se de um filme mudo. O único som é o da trilha sonora, que embala todas as cenas, seguindo à risca a tradição dos filmes mudos. Quando alguma fala é necessária, surge a velha plaquinha preta com o texto do diálogo. Não é à toa que “O Artista” tenha sido indicado ao Oscar na categoria de melhor trilha sonora e tenha levado o Globo de Ouro também nesta mesma categoria. O longa também ganhou o Globo de Ouro de melhor filme de musical ou comédia e também de melhor ator (Jean Dujardin), o que faz dele um dos grandes favoritos ao Oscar. As informações são do Jornal da Tarde.