Quando a reportagem encontrou pela primeira vez a pequena Wiranu Tembé, em um set de filmagens em plena Amazônia, há pouco mais de dois anos, ela era uma menina recém-saída de sua aldeia Tekohaw, no nordeste do Pará. Ainda tinha dificuldade para falar e entender o português, mas se saía muito bem diante das câmeras. Ela havia sido escolhida, entre mais de duas mil meninas, para ser a nova Tainá no cinema.

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Duas semanas atrás, quando a reportagem a viu novamente, ela já era uma garotinha articulada, que, em vez de se esmerar para aprender português, ensinava tupi para seus companheiros de cena, o garoto Igor Ozzy e a menina Beatriz Noskoski. “Como é água? É iga. E como é cachorro? E gato? E Wiranu? Sabe o que quer dizer?”, perguntou ela à repórter, que na visita ao set de Tainá – A Origem, já havia aprendido que Wiranu é ema branca. “Destas que não param um minuto, que correm para lá e para cá”, brincou o preparador de elenco Claudio Barros, que acompanhava as crianças na maratona de entrevistas da campanha de lançamento do filme, que começou há cerca de um mês. “Veja como tudo faz sentido. Os índios nem sempre dão imediatamente os nomes aos filhos. Às vezes demoram, mas são precisos quando o fazem”, comentou Claudio, que, depois de dois anos buscando a nova estrela, descobriu Wiranu nos jogos indígenas de 2009, que são anualmente realizados na cidade paraense de Paragominas.

Enquanto Claudio falava, Wiranu passeava pela sala de entrevistas. “Gosto de dar entrevista. Mas filmar é mais legal”, disse ela, voltando à conversa. “O que eu mais gostei foi fazer as cenas do balão. O que eu menos gostei foi a cena da água e das tartarugas. Estava muito frio”, completou ela em português fluente. “E de São Paulo eu gostei dos prédios, bonitos. Mas não gostei que tem muita gente. Por que tanta gente na rua? De noite aqui tem mais barulho que na floresta. Os carros acordam a gente muito mais que os bichos quando fazem barulho à noite.”

No filme, Wiranu dá vida a Tainá, uma indiazinha órfã de 5 anos, que sonha em se tornar uma guerreira e descobrir sua verdadeira origem, que faz amigos surpreendentes como Laurinha (Beatriz Noskoski), uma garota da cidade, perdida na selva, e Gobi (Igor Ozzy) um indiozinho nerd.

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No terceiro episódio da saga, como o nome deixa claro, é a origem de Tainá que se revela. Desde seu nascimento aos pés da Grande Árvore, passa pela revelação de quem é a sua mãe e segue até o momento em que a pequena guerreira se vê às voltas com uma nova ameaça à natureza: o inimigo ancestral de sua família, Jurupari, a encarnação do Mal, que quer destruir a floresta. “Esta nova história fala de algo muito profundo, que é a relação mítica dela com a mãe, que finalmente aparece. É uma surpresa e um momento que fez com que as mães que viram o filme se emocionassem”, conta o produtor Pedro Rovai. “A Claudia Levay, roteirista, fez um trabalho incrível. É neste momento que o filme também toca os adultos. Além disso, há o périplo de Tainá pela Amazônia em busca de sua identidade guerreira. Ela é mulher e, pela lei indígena, não pode ser guerreira. Mesmo assim, vai em busca de seu destino.”

TAINÁ – A ORIGEM – Direção: Rosane Svartman. Gênero: Aventura (Brasil/2012, 80 minutos). Classificação: Livre.

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As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.