Patrycia Travassos está sempre agitada. Apesar de pregar a calma, a contemplação, a vida saudável e ?zen? no programa Alternativa: Saúde, que apresenta há exatos 10 anos no GNT, canal da Globosat, a atriz, apresentadora, escritora, roteirista e compositora vive a mil por hora. Além de comemorar uma década do programa sobre saúde e consciência corporal, a carioca de 51 anos acaba de lançar seu terceiro livro: Monstra e Outras Crônicas, baseado numa coletânea de crônicas que assina na revista Marie Claire. Isso sem falar que está de volta à tevê aberta como roteirista com o especial de Natal da Xuxa. ?Quero desdobrar o livro para um seriado para a tevê, uma peça ou um filme?, avisa a escritora que já escreveu o roteiro de produções como Vida ao Vivo Show, TV Pirata, Delegacia de Mulheres e a novela Olho no Olho, na Globo.
P – O que mais lhe surpreendeu nas transformações do Alternativa: Saúde nesses dez anos?
R – Outro dia assisti ao programa e falei: ?Caraca! Como mudou!?. No início, eu tinha contrato de seis meses. Era tudo meio informal e livre, mas eu dava idéias. O programa foi se conhecendo. Dez anos atrás quase ninguém fazia ioga, falava de Medicina chinesa ou de alimento orgânico. Apesar de ser vegetariana desde cedo, o programa me influenciou muito. Fui para a China nos anos 70s onde as técnicas milenares funcionavam. É uma outra forma de Medicina. Só me toquei que tinha essa bagagem fazendo o programa.
P – O que você acha da abordagem do tema saúde pelos programas de tevê?
R – O assunto ainda está engatinhando. Existem quadros segmentados, como alimentação ou cuidados com o corpo. Somos um programa de ponta no tema e, por entendermos do assunto, queremos aprofundar. Mas a gente precisa falar as mesmas coisas de outras formas milhões de vezes. Li numa pesquisa que quanto menor a renda de uma família, mais óleo e mais gordura ela consome. Tudo é frito, até o arroz brilha. Esse é um programa de saúde complementar, de consciência corporal.
P – Quais as novidades no programa em 2007?
R – Fomos para Los Angeles pela segunda vez. Essa cidade é um berço de novidades em saúde. Fizemos várias matérias interessantes. Queremos ter uma pessoa produzindo matérias por lá. Também pretendemos viajar mais em 2007 e trazer novidades. No ano de 2006 o programa se reestruturou completamente, com nova equipe, ambientação e cenografia, que é do Gringo Cardia. Mas a principal mudança será falar de uma forma mais didática. Gosto muito de um quadro novo, em que as pessoas dão dicas do que fazem quando estão gripadas, por exemplo. Falam mil loucuras a respeito de tudo. Todo mundo tem uma receita diferente.
P – Você acaba de escrever o especial de Natal da Xuxa deste ano. Mas já fez o roteiro de TV Pirata e Armação Ilimitada, entre outros, além da minissérie Sex Appeal. Por que escreve pouco atualmente para a tevê?
R – Gosto de ter um canal para falar qualquer coisa que estou pensando. Adoro essa velocidade da tevê. Acredito que esses programas atuais como A Diarista ou Minha Nada Mole Vida são um desdobramento do humor daquela época. Não sei se fui precursora como roteirista. Mas o que mais gostei de fazer e o que tinha mais liberdade foi Armação Ilimitada. Adoraria voltar a fazer um seriado, mas agora está mais difícil.
P – Por quê?
R – A Globo foi soberana por anos. Ninguém media Ibope. A década de 80 era experimental, muito mais inteligente e criativa. Hoje a tevê está comprometida com a audiência. Até o autor de novelas precisa mudar um personagem quando o público não gosta. Fazer novela é legal porque você é a prata da casa. Lembro do que o Daniel Filho disse quando a Manchete estava começando a fazer novelas: ?Ah, podem levar todo mundo, Maytê Proença, quem quiserem. Só não levam os autores?. Ele sabia o que estava falando. Quando levaram o Benedito Ruy Barbosa, fizeram o Pantanal. Tudo começa com um bom texto. Mas não quero isso para minha vida hoje. Se eu quisesse fazer isso, desde aquela época eu deveria ter entrado na panelinha.
Alternativa: Saúde – GNT – Terça, 10h30 e 15h30, sexta, 23h e sábado às 4h e 10h.