“Mesmo a Bienal sendo hoje inadimplente, todo mundo aqui dentro tem uma convicção de que esse problema vai se resolver”, diz Luis Terepins, eleito, na terça-feira, novo presidente da Fundação Bienal de São Paulo, com mandato de dois anos. Foi uma decisão unânime do conselho da entidade, uma opção pela continuidade do trabalho realizado pela direção anterior, presidida por Heitor Martins e da qual Terepins fez parte desde 2009. Engenheiro por formação, empresário nos setores têxtil e de construção civil, o novo presidente afirma que, além de solucionar o enrosco com o Ministério da Cultura (MinC) – que bloqueou as contas da Bienal no início de 2012 por questionamentos de convênios firmados pela instituição entre 1999 e 2007 -, um dos grandes desafios é a captação de recursos.
Em sua primeira entrevista na presidência da Fundação Bienal de São Paulo, Terepins, de 57 anos, garantiu que a instituição vai realizar em setembro uma grande retrospectiva de arte brasileira para celebrar os 60 anos da Bienal. “Terá de 120 a 150 artistas”, diz. Completa que o curador Paulo Venancio Filho já está trabalhando no projeto e que a expografia será assinada por Felipe Tassara. A mostra está orçada em torno de R$ 9 milhões. Os recursos poderão ser captados através da aprovação que o MinC concedeu à instituição por meio de seu Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac).
A Fundação Bienal de São Paulo, no entanto, ainda é considerada inadimplente e apenas está realizando seus projetos de 2013 por conta de uma liminar concedida, no ano passado, pelo Tribunal Regional Federal de São Paulo. Para o ano, conta Terepins, o Pronac permite captação de até R$ 12 milhões para a instituição (o que inclui as itinerâncias de recortes da última 30.ª Bienal por outras cidades brasileiras). Não é possível, assim, falar de um programa para a realização da 31.ª Bienal, prevista para 2014.
A ministra da Cultura, Marta Suplicy, já afirmou publicamente sua vontade de resolver o problema da Bienal, mas o governo federal ainda espera os resultados da auditoria interna que vem sendo feita pela entidade. “Dos convênios (de 1999 a 2007), são mais de 10 mil documentos”, exemplifica Terepins sobre a complexidade da situação. Dessa maneira, ainda não há um dado concreto sobre o trâmite que poderá tornar a Bienal adimplente novamente. Outra questão urgente é a realização da representação brasileira na 55.ª Bienal de Veneza, a ser inaugurada em junho.
Na terça-feira, o conselho da Fundação Bienal de São Paulo elegeu ainda os membros da diretoria de Luis Terepins. O novo presidente da instituição incluiu três economistas no time – Lídia Goldenstein, “precursora de economia criativa”, sócia da LGoldenstein Consultoria; Mario Cunha Campos, sócio da Vinci Partners; e o também colecionador de arte Rodrigo Bresser Pereira, sócio fundador da Bresser Administração de Recursos Ltda. A administradora de empresas e sócia da Monitor Group, Flávia Buarque de Almeida, também foi eleita diretora – e ela já estava participando de atividades com a Bienal. A diretoria ainda se completa com os advogados Justo Werlang (ex-presidente da Fundação Bienal do Mercosul) e Salo Kibrit, ambos diretores da instituição desde 2009.
Terepins afirma que recebeu a Bienal “sem dívidas” e que seu trabalho é manter a estrutura profissional promovida nos últimos anos na instituição. Jantares para arrecadar fundos podem ser descartados por “darem trabalho”. Com a verba anual concedida pela Prefeitura de São Paulo e a locação de seu prédio, a Bienal tem caixa anual de R$ 8 milhões. Outra novidade é o patrocínio de R$ 2 milhões do governo estadual por meio de seu Programa de Ação Cultural. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.