Ainda que, como observa o holandês Frank Scheffer, filmar a música seja impossível, centenas de diretores se aventuram todo ano em tentar registrar tanto a história dos grandes músicos do mundo quanto anônimos que dedicam a vida à sua arte. Scheffer, que chega segunda a São Paulo para receber merecida homenagem no 6º In Edit Brasil – Festival Internacional do Documentário Musical (desta quinta-feira, 30, a 11 de maio), passou os últimos 30 anos percorrendo o mundo em busca de boa música para filmar. “Meus filmes são sobre a essência da música. Não estou interessado na biografia do compositor ou do artista, mas em como é sua música e como ela funciona. O assunto principal dos meus documentários é, portanto, a própria música”, comentou ao jornal O Estado de S.Paulo.

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Scheffer participa na terça-feira, 06, de debate, no Centro Cultural São Paulo, após a exibição de um de seus grandes filmes: Conducting Mahler (Conduzindo Mahler), sobre a experiência que maestros como Claudio Abbado, Riccardo Muti e Simon Rattle tiveram ao reger a obra do compositor austríaco. “Cada um que ouve Mahler interpreta sua música de uma forma. Quis filmar os maestros, que em geral vemos só de costas, em seu processo de trabalho”, conta Scheffer, que também conversa com o público após a exibição de Frank Zappa: A Pioneer of the Future of Music, na quarta, 07, às 19 h, no Cinesesc.

Além destes, retratos que Scheffer fez de nomes como Edgar Varèse, Eliot Carter, Brian Eno e com o compositor John Cage, podem ser conferidos em várias sessões do festival.

Já na competição internacional, imperdível é Jimi Hendrix: Hear My Train a Comin, que Bob Smeaton dirigiu sobre o genial guitarrista. Considerado o documentário oficial sobre a vida de Hendrix, o filme vai além do mero relato jornalístico e faz uma viagem pelo universo de Hendrix. “Esta é, aliás, a característica que nos faz decidir por um filme. Não queremos apenas fazer uma seleção que traga quase reportagens, mas que inovem na linguagem, que sejam cinematográficos”, comenta Marcelo Andrade, o Aliche, diretor do evento. “Há mil maneiras de se filmar o universo musical. O filme que muitas vezes se detém na mera organização de fatos jornalísticos muitas vezes é chato. Às vezes a cronologia não é relevante para a história. Às vezes, eleger o que toca o espectador é mais importante. E é isso que faz cinema”, completa ele, que trouxe o In Edit para o Brasil em 2008. “O evento espanhol é muito maior que o brasileiro, mas nossa edição é concentrada e traz seleção local muito boa”, conta Aliche.

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Exemplo disso é a competição oficial, que neste ano traz seis títulos sobre grandes nomes e ganha um júri oficial. “Até ano passado, os melhores eram escolhidos só pelo público. Este ano teremos uma banca de especialistas. Estamos avançando”, informa o diretor. Entre eles, A Farra do Circo, de Roberto Berliner e Pedro Bronz, que narra as façanhas do Circo Voador desde a colocação da lona no calçadão do Arpoador até a viagem para a Copa do México em 1986. Imperdível é Olho Nu, de Joel Pizzini, que, em um novo corte, traz um retrato de Ney Matogrosso que mescla cenas recentes a material de arquivo pessoal do cantor, que possui mais de 300 horas de imagens históricas.

Já na mostra Brasil.doc, menos experimental e mais informativa, há Geração Baré-Cola, de Patrick Grosner. O filme faz um panorama da cena do rock dos anos 90 em Brasília, herdeira da geração que mudou o rock brasileiro nos anos 80. São nomes como Raimundos, Little Quail, DFC, Os Cabelo Duro, entre outros, que formam a geração Baré-Cola.

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Como já é tradição do In Edit, além da programação nas telas, as atrações paralelas ocupam diversos palcos da cidade. Entre os destaques, está a participação de Claudia Lennear da sessão-debate de A um Passo do Estrelato, o vencedor do Oscar de melhor Documentário 2014, no dia 11, no Cinesesc, às 19 h.

Claudia, que fez backing vocals para Tina Turner e Rolling Stones, hoje é também é professora primária e vai tirar alguns dias para vir ao País.

Antes, no MIS, às 19h, a maratona começa nesta quinta-feira, 01, com show de abertura dos músicos Lou Barlow (Sebadoh e Dinossaur Jr) e de DJ Pita Uchoa, às 20h. Em paralelo, no Cinesesc, às 19h, ocorre a primeira exibição de A um Passo do Estrelato e de Olho Nu, às 21h, com bate-papo com Joel Pizzini. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.