O Instituto Moreira Salles (IMS) dobrou seu acervo, de um para dois milhões de imagens, com a incorporação do arquivo fotográfico de três antigos jornais cariocas – O Jornal, criado em 1919 e comprado por Assis Chateaubriand em 1924, Diário da Noite, fundado por Chatô em 1929, e Jornal do Commercio, de 1827, incorporado aos Diários Associados em 1957 e publicado até abril de 2016.

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O acervo, que estava guardado há três anos em um prédio em São Cristóvão, na região central do Rio, será transferido no próximo mês para a Reserva Fotográfica do IMS, na Gávea. Com cerca de 300 mil negativos e 700 mil imagens em papel, o material está bem mantido e organizado como um arquivo de jornal. Provavelmente, o conjunto de imagens mais representativo deve ser o que corresponde ao período entre 1930 e 1970, quando o grupo Diários Associados foi muito ativo e manteve, para atender aos jornais e às revistas, a agência de notícias Meridional.

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O IMS, que até hoje reuniu importantes acervos autorais de fotógrafos e artistas brasileiros – voltados essencialmente para a figura de seus autores e suas trajetórias -, passa a direcionar também seu olhar e seu trabalho para a fotografia como comunicação, e assim amplia seu repertório. A preservação e a divulgação de arquivos de fotojornalismo trazem o desafio de trabalhar a memória do jornalismo de imagens e também a memória social do país.

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Para Sergio Burgi, coordenador de fotografia do IMS, as imagens que estão nesse tipo de arquivo transcendem em muito o que foi publicado nos jornais. “Os arquivos têm um material superior ao que está nas páginas impressas, uma visão mais rica e ampliada. Se os arquivos não são preservados, perdem-se esse material e essa riqueza”, diz. Entre as imagens que se destacam nesses acervos, há importantes conjuntos que retratam o universo cultural carioca – música, teatro, carnaval -, além de figuras políticas, como Getúlio Vargas, Carlos Lacerda e outras personalidades que fizeram a história do século XX. “Há um material muito interessante de esportes, por exemplo, com a documentação da viagem da seleção brasileira de 1938”, conta Burgi.