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IMS e Festival Judaico homenageiam Perlov

Na sua última visita ao Brasil – morreu em 2003, foi homenageado pela Mostra em 2006 – David Perlov recebeu o repórter no seu quarto de hotel, aqui mesmo em São Paulo. O hotel, na Av. Rebouças, dava vista para o Hospital das Clínicas, e ele brincou. “Quando a gente fica velho, e com problemas de saúde, é sempre bom ter um hospital por perto.” Perlov nasceu no Rio, foi paulistano de formação, e morreu em Israel. Se você procurar por ele na internet ou qualquer outra fonte, encontrará que foi um documentarista israelense. Sua obra maior foi um épico pela grandiosidade do projeto – intimista.

Perlov disse um dia que o cinema profissional não lhe interessava e que usava sua câmera para escrever com imagens e sons um diário. A primeira etapa do diário cobre os anos de 1973 e 83. Divide-se em seis partes de uma hora cada. Mais tarde, entre 1990 e 99, Perlov voltou ao diário anterior. E criou o Diário Revisitado, mais sucinto, que sai agora num impecável lançamento em DVD do Instituto Moreira Salles. São três partes

Infância Protegida, Rotina e Rituais e Volta ao Brasil. A primeira mostra a infância de seus netos, o segundo cobre a essência política de Israel – assassinato de Yitzak Rabin, ascensão de Benjamin Netanyahu – e o terceiro sua volta ao Brasil. Perlov foi sempre apaixonado pelo País em que nasceu. Nessa viagem refaz roteiros anteriores pelo Rio e por São Paulo.

Nesta terça, 14, às 19h30, o IMS da Av. Paulista integra-se ao Festival de Cinema Judaico para homenagear Perlov, exibindo as três partes do Diário Revisitado. Perlov gostava de dizer que filmava a si mesmo, e para si mesmo, mas de uma forma que, jogando-se dentro dos próprios, algo se havia passado (e sua câmera registrou). Dia após dia ele procurava outra coisa, o anonimato. E acrescentava que precisava de tempo, e muita observação, para chegar a fazer isso.

O DVD do IMS traz um livro com o estudo de Maria Montiano – Olhar as Pequenas Coisas. Foi o que Perlov fez no Diário. Essa capacidade de se esconder, mesmo quando se expõe produz verdadeiras epifanias e realimenta o debate. O que é o cinema? Num passeio pela Estação da Luz, em São Paulo, em 1983, ele já se perguntava se o seu amor pelo cinema não teria nascido da magia que lhe provocava a paisagem passando pela janela do trem. Refletia: “Essa câmera na cabeça é uma máscara”. Tem gente que diz, por isso, que ele talvez tenha sido, querendo ou não, um discípulo de Glauber, com sua câmera na mão e uma ideia na cabeça.

DIÁRIO REVISITADO 1990-1999

Bretz Filmes; R$ 44,90. Lançamento do DVD e exibição do 3º capítulo de ‘Diário Revisitado 1990-1999’. 3ª (14), 19h30, no IMS (Av. Paulista, 2.424). R$ 20

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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