Ilustres desconhecidos da arte em Curitiba

O Paraná é um estado com artistas de múltiplos talentos. Muitos não recebem o reconhecimento que merecem, mas realizam obras grandiosas e que são motivo de orgulho.

Exemplo disso é a pintora e poeta Heloyna Iolanda Voss, de 87 anos. Ela começou a pintar há cerca de trinta anos e foi aluna na escola do pintor Alfredo Andersen, em Curitiba.

Na própria casa e na residência de familiares e amigos, ela tem pintadas paisagens, quadros de natureza morta e trabalhos abstratos figurativos. “Já perdi as contas de quantos quadros pintei. Já doei vários”, diz.

Atualmente, sem poder pintar devido a um problema no braço, Heloyna escreve poesias e pensamentos. Manuscritos, eles são encadernados e guardados pela própria artista.

“Escrevo retalhos de minha vida. Embora tenha apenas o curso primário, sempre gostei muito de ler e escrever. Quando eu era criança, não havia TV e computador. Os livros eram minha principal distração”.

Anderson Tozato
Vinícius Moraes trabalha na rua XV de Novembro e sob encomendas.

Haicais

O poeta Eduardo Hoffman, de 56 anos, é nascido em Jacarezinho, mas vive em Curitiba há 20 anos. Autor do livro Bambus, lançado em 2003, ele é um grande conhecedor e escritor de haicais, poemas curtos, de origem japonesa e que já foram febre no Brasil.

“Tenho um estudo que diferencia o haicai original do haicai feito no Brasil. Por aqui, por exemplo, foi colocada rima no haicai, o que não ocorre com os poemas originais”, comenta.

No momento, Eduardo está trabalhando em poemas para serem musicados por artistas locais. A partir de um verso de haicai, ele constrói letras de música. “Alguns desses poemas já estão sendo musicados e podem vir a ser até inseridos em CDs de alguns artistas”.

Papelão

Nas mãos do artista plástico Acioli José Favoreto, caixas de papelão se transformam em peças de decoração e móveis. Há cerca de vinte anos, ele transforma embalagens de geladeira, TVs, fogões e outros eletrodomésticos em bancos, mesas, cadeiras, porta-retratos, vasos, prateleiras e outras peças.

Os artigos são feitos e vendidos sob encomenda, a preços variados. “Os móveis e artigos de decoração têm estrutura de papelão dobrado ou são feitos a partir de várias folhas juntas.

Muitas vezes, também acrescento outros materiais, como cipó e cisal”, conta Acioli. “O tempo que levo para fazer cada produto é variado. Para fazer uma banqueta, por exemplo, geralmente levo duas horas. Já uma cama, me toma uma tarde inteira de trabalho”.

A maior parte do papelão utilizada por Acioli não é comprada, mas doada por amigos e pessoas conhecidas que apreciam seu trabalho. Algumas vezes, o artista aproveita materiais encontrados nas ruas, descartados na frente de residências.

“Tenho amigos que também encontram folhas grandes de papelão nas ruas e as trazem para mim. Outros, guardam as embalagens quando adquirem algum produto”.

Retratos

Na rua XV de Novembro, perto da Boca Maldita, se destaca o artista Vinícius Moraes, que desenha retratos, caricaturas e telas em grafite. Ele realiza os trabalhos sob encomenda e muitas de suas obras são utilizadas para decorar salões em casamentos e outras festas.

Na própria rua XV, onde está presente quase todos os dias, principalmente no período da tarde, ele pode ser visto fazendo retratos e caricaturas ao vivo. Cada trabalho leva de dez a trinta minutos para ficar pronto. “Trabalho com grafite há vinte anos e sobrevivo de minha arte. Muita gente que passa pela XV aprecia meu trabalho”, afirma.

Fotos

O pinhão, assim como a araucária, é um dos símbolos do Paraná. Ele é bastante mostrado nas obras da fotógrafa e decoradora Kali Elizabeth Cons, que começou a fotografar por hobby há trinta anos e de forma profissional há sete.

Suas fotos são transformadas em cartões fotográficos, que podem ser dados de presente, e também emolduradas como quadros, servindo de artigos decorativos. “Gosto muito de fotografar a natureza. Ao fotografar pinhões, busco valorizar nosso Estado. O pinhão, para mim, é um símbolo de transformação, pois a brotação de uma semente dá origem a uma árvore”, diz Kali.

“Também fotografo flores, como as de exposições do Jardim Botânico e as presentes no jardim de meus pais. Elas são obras de arte da natureza e, por isso, me fascinam”.

Anderson Tozato
Há 30 anos a pintora e poeta Heloyna Iolanda Voss, de 87 anos, se dedica a arte.
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