O ilustrador britânico Jim Cheung – um dos autores da HQ Vingadores: A Cruzada das Crianças, quadrinho que foi a preocupação central do prefeito do Rio durante o fim de semana da Bienal do Livro – usou seu Instagram para comentar o ocorrido.
“Foi com grande surpresa que soube que o prefeito do Rio de Janeiro decidiu banir as vendas do meu livro (com Allan Heinberg), supostamente por conter material impróprio”, disse Cheung.
“Eu não sei o que causou o prefeito a perseguir um trabalho de uma década atrás, que já está à venda há muitos anos, mas posso dizer honestamente que não houve nenhuma motivação escondida ou agenda para promover qualquer estilo de vida, nem mirar uma única audiência”, prosseguiu o ilustrador. “A cena (do beijo) meramente mostra um momento terno entre dois personagens que estão num relacionamento estável.”
“Eu deveria contratar o prefeito do Rio de Janeiro para promover meu próximo livro”, disse ele em um comentário na rede social.
O ilustrador explica ainda que seu objetivo é apenas contar histórias, “com tantos personagens autênticos e diversos quanto possível”. Para ele, o fato do livro ter sido trazido aos holofotes agora é um indicativo de como o prefeito do Rio está desconectado dos tempos atuais.
“Espero que o belo povo do Brasil, a nação orgulhosa e maravilhosamente diversa, veja através desse ‘barulho’ político e foque na luz, e em jeitos de se unir, em vez de ajudar a costurar os fios do conflito e da divisão”, concluiu o artista.
Aos 47 anos, Cheung tem diversos trabalhos da Marvel no currículo, entre eles, a série Novos Vingadores: Illuminati, e também edições da série principal dos Novos Vingadores.
Marcelo Crivella vs. Heróis da Marvel
Uma polêmica foi iniciada na quinta-feira, 5, durante a Bienal do Livro do Rio, quando o prefeito Marcelo Crivella emitiu uma notificação exigindo que a Bienal protegesse as edições da HQ Vingadores – A Cruzada das Crianças, que traz um casal gay. Fiscais da Prefeitura foram à feira em busca de “conteúdo impróprio” e as tentativas de barrar a venda de livros LGBT gerou uma reação conjunta de editoras, escritores e jornalistas, no sentido de garantir a livre circulação de ideias na feira do livro.
A Bienal do Livro do Rio de Janeiro reuniu, entre os dias 30 de agosto e 8 de setembro, 600 mil pessoas no Riocentro, com número recorde de livros vendidos e editoras satisfeitas com as vendas.