Bola dentro: transferir o Planeta Terra deste ano para o Playcenter. Com a estrutura de um parque de diversões, mais a possibilidade de diversão em todos os brinquedos do local, enfim, um grande festival brasileiro encontra um local decente para o seu público (e pensar que em Curitiba, a Pedreira Paulo Leminski permanece interditada para grande eventos por ação judicial impetrada pelos moradores das redondezas).
Bola fora: manter o mesmo Planeta Terra em dia e horários concomitantes a outro grande festival, também realizado na cidade de São Paulo. Uma das mais esperadas atrações do Planeta Terra 2009, que aconteceu no último sábado, foi o show de Iggy & The Stooges.
Poder assistir a um show de Iggy Pop é uma experiência e uma benção. Aos 62 anos de idade, ainda inteiraço e em plena forma (depois de todos os abusos e excessos nos quais ele já se meteu), o “Camaleão” retornou ao Brasil três anos depois com os Stooges para mais um show baseado no repertório dos velhos tempos.
Com uma ligeira mudança na formação (que inclui agora um saxofonista e traz James WIlliamson, guitarrista dos tempos do disco Raw power, substituindo Ron Asheton, falecido no início deste ano) e a mesma veia anárquica de sempre, Iggy é capaz de provocar catarse coletiva em gente de todas as idades e até mesmo gostos musicais.
Ele subverte todas as regras de um festival de rock de grandes proporções: se atira no público várias vezes, pratica arremesso e chute à distância com os pedestais, coça o saco despudoradamente e ainda chama uma multidão para subir ao palco e dançar em frenesi, para desespero de todos os seguranças.
Isso sem falar no figurino habitual: apenas uma calça jeans bem colada ao corpo e de cintura tão baixa que deixa à mostra o cofrinho (aliás, o ídolo sexagenário exala e simula sexo sem parar em sua performance).
Por causa da presença de WIlliamson, o foco do repertório aumenta para cima de Raw power, mas ainda permanecem lá os principais clássicos dos discos anteriores quando a banda era apenas Stooges.
Para o bis, The passenger e Lust for life, ambas da definitiva carreira solo engatada logo após Raw power, quando David Bowie o salvou da sarjeta e revolucionou sua vida pessoal e profissional. Graças à ação de Bowie, há três décadas atrás, todos nós podemos nos deliciar com Iggy Pop até hoje.