Iggy Pop está em Cannes para divulgar ‘Gimme Danger’, de Jim Jarmushc

Filmes fora de concurso passam em horários improváveis no maior festival do mundo. Para ver A Morte de Luís XIV, do catalão Albert Serra, com Jean-Pierre Léaud, o repórter teve de enfrentar a maior fila. Mas valeu a pena. O filme não sai do quarto em que o rei, ao longo de uma semana de agosto de 1715, agoniza corroído de dor, por causa da gangrena que lhe devora os membros. O repórter sai correndo da sessão e topa com outro rei sombrio, mas cuja alegria, aos 69 anos, o faz também solar.

Iggy Pop veio apresentar o documentário Gimme Danger, de Jim Jarmusch. São velhos parceiros, bróders. Iggy já esteve em três filmes anteriores de Jarmusch – Coffe and Cigarettes III, que ganhou a Palma de Ouro de curta aqui em Cannes, no começo dos anos 1990, o western Dead End e o episódio Somewhere in California, de Coffe and Cigarettes (a versão longa). O título evoca a música do disco Raw Power, de 1972. Remete, obviamente, a Gimme Shelter, o documentário dos irmãos Maysles sobre os Rolling Stones.

Jarmusch, exibindo seu segundo filme na seleção oficial deste ano – o documentário passa fora de concurso, ao contrário de Paterson, com Adam Driver -, disse que a intenção era fazer uma colagem, “algo selvagem e engraçado”. Iggy, calçando elegantérrimos chinelos Gucci (e jaqueta de couro preta), contou como participou da seleção do material. “Não guardo nada, mas sabia quem tinha – uns fãs malucos, traficantes.” Por falar em droga, ele lembrou que “naquele tempo” todo mundo usava. No começo, com os Stooges, estava sempre em outra galáxia, entupido de ácido. “Não uso mais (drogas), só tomo vinho.” Sem nostalgia, ele lembra o passado. “A gente não pensava em royalties, só queria gravar e se divertir. Hoje, com a digitalização, qualquer um só pensa em ficar rico com um simples clique.”

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