No primeiro andar do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, na Vila Mariana, o Instituto de Arte Contemporânea (IAC) faz agora sua nova morada. Em julho, a instituição, dedicada, principalmente, à documentação e a ser um centro de referência das obras dos artistas Sergio Camargo, Willys de Castro, Amilcar de Castro e Mira Schendel, foi despejada do Prédio Joaquim Nabuco da Rua Maria Antonia, pertencente à Universidade de São Paulo. O encerramento do convênio da instituição com a USP levou o IAC a um desgaste que, por ficar sem uma sede, estava inapto a dar continuidade às suas atividades e captar recursos para as mostras que promove. A instituição, depois de meses de suspensão, marca a inauguração de sua nova casa no próximo dia 23, com a abertura da exposição “Brasil: Figuração x Abstração. Final dos Anos 40”, concebida pela curadora Glória Ferreira.

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O IAC se mudou oficialmente para o Centro Universitário Belas Artes em 21 de julho, depois de um convênio de cinco anos, renováveis, assinado pelas duas instituições no dia 15 de julho. “Aqui têm cinco mil estudantes e as pesquisas e documentações são nossa maior riqueza”, diz a marchande Raquel Arnaud, fundadora e presidente de honra do Instituto de Arte Contemporânea, concebido por ela em 1997 como entidade sem fins lucrativos.

Foi um “baque” o encerramento da parceria entre o IAC e a USP. “Nossos parceiros (patrocinadores), que não nos abandonaram, mas que estão à distância, aguardam essa retomada das atividades e as instalações aqui vão fazer que voltem a nos apoiar”, afirma Roberto Bertani, ex-diretor da instituição e agora integrante de seu conselho consultivo. O Plano Anual do instituto, de R$ 1,2 milhão para a realização de três exposições, dois livros e site, foi aprovado pelas Leis de Incentivo, mas não foi colocado em atividade e nem captado desde 2010 por causa da falta de um espaço oficial do IAC.

Despejo – O primeiro convênio entre o IAC e a USP foi formalizado em 2001 e, desde então, o Prédio Joaquim Nabuco, que integra o Centro Universitário Maria Antonia, havia se tornado a sede do instituto. Entretanto, em novembro de 2010, a atual reitoria da USP comunicou oficialmente ao IAC que não renovaria o contrato de cessão de seu edifício alegando que pretendia usar o imóvel para outras atividades a serem promovidas pela pró-reitora de Cultura e Extensão da universidade. O instituto teria até janeiro deste ano para se retirar do prédio localizado na Rua Maria Antonia. “A USP tinha o direito de renovar ou não o convênio, mas o IAC foi se proteger, ver seus direitos, um processo que levou até julho deste ano”, diz Bertani. No caso, o conselheiro se refere ao fato de que o IAC promoveu a reforma, durante cinco anos, de uma grande área do imóvel com R$ 4,5 milhões captados. O instituto “perdeu” a batalha e ficou tudo “elas por elas”, diz Raquel, com o “despejo irrevogável”.

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Devido a essa situação, instituições interessadas em abrigar o IAC fizeram ofertas de espaços, como o Centro Universitário Belas Artes, a Secretaria de Estado da Cultura (com seu imóvel ao lado do shopping Pátio Higienópolis), a Pinacoteca do Estado e a PUC – esta última, com uma negociação quase concretizada, mas encerrada por divergências internas na diretoria e conselho do instituto, o que levou à renúncia de seu ex-presidente, Pedro Mastrobuono. O IAC, presidido desde 24 de maio por Luiz Müssnich, optou pela proposta do Belas Artes.

O Centro Universitário na Vila Mariana ofereceu o primeiro andar de seu prédio, que abriga duas salas, uma para administração e outra para pesquisa e biblioteca. Mais ainda, há no local um espaço de 150 m² a ser dedicado para exposições e para a reserva técnica do acervo do IAC, formado por 14 mil documentos (fotos, cartas, textos e fichas de obras de Sergio Camargo, Willys de Castro, Amilcar de Castro e Mira Schendel) e por obras de pequenos formatos. Além de promover a manutenção desses espaços, o Centro Belas Artes também cede a área de seu Museu de Belas Artes (muBA) para mostras do instituto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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