A Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) chega à sua 11.ª edição com uma multiplicidade de abordagens e estilos literários, e uma maior aproximação entre a literatura e as diferentes manifestações artísticas. O evento ocorre entre os dias 3 e 7 de julho e terá série de encontros dedicados a Graciliano Ramos, o grande homenageado desta edição.
Orçada em R$ 8,6 milhões, a mostra trará 41 convidados (23 brasileiros e 18 estrangeiros) e intensificará o hibridismo entre as artes, com presença de arquitetos, cineastas e músicos – Gilberto Gil fará o show de abertura. O curador do evento, Miguel Conde, destacou as presenças do irlandês John Banville, do italiano Roberto Calasso e do britânico T. J. Clark, que já haviam sido convidados em edições anteriores e chegam à Flip pela primeira vez. Também estarão presentes o francês Michel Houellebecq, que cancelou a vinda anterior, em 2011, alegando problemas pessoais, e o palestino nascido no Egito Tamim Al-Barghouti, uma das figuras centrais na primavera árabe e conhecido como “o poeta da revolução”.
Para lembrar os 60 anos da morte de Graciliano Ramos, estão programados quatro encontros para discutir aspectos da vida e obra do escritor. Milton Hatoum abordará na conferência de abertura a concisão do escritor alagoano – não só como marca de estilo, mas também numa dimensão autocrítica, de reflexão sobre a linguagem. Outros dois debates girarão em torno da escrita e do engajamento político de Graciliano. Um quarto encontro terá a presença de Nelson Pereira dos Santos, cineasta que transpôs para as telas as histórias de “Vidas Secas” e “Memórias do Cárcere”. Haverá uma exposição centrada nos manuscritos do autor que compõem o acervo do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB/USP).
Muitos dos ficcionistas convidados para a edição deste ano possuem como traço comum um certo desejo de exploração dos limites do discurso literário: como Laurent Binet, Jérôme Ferrari e Lydia Davis, em cujos livros há uma aproximação entre ficção e poesia, pesquisa histórica e autobiografia. Conde ressalta que os encontros são mais focados na singularidade de cada escritor do que em panoramas temáticos. Entre os brasileiros, serão três gerações de artistas: de Nicolas Behr e Zuca Sardan, expoentes da poesia marginal dos anos 1970 que se firmaram como grandes satiristas, a jovens promissores como Daniel Galera e Ana Martins Marques.
“Neste ano temos uma presença um pouco maior de artistas de outras áreas. É um festival de artes e ideias, que tem como eixo a literatura.” São nomes como o cineasta Eduardo Coutinho, o crítico de arquitetura da “New Yorker” Paul Goldberg, o arquiteto português Eduardo Souto de Moura e as cantoras Miúcha e Maria Bethânia. Fã de Fernando Pessoa, a cantora baiana se encontrará com Cleonice Berardinelli, membro da Academia Brasileira de Letras e professora emérita da UFRJ e da PUC-Rio, para falar sobre o modernista português. Será uma mesa diferente: um pequeno espetáculo, combinação de conversa e recital.
Os pequenos leitores também terão espaço. A Flipinha trará uma continuação do trabalho feito pela Associação Casa Azul, que difunde a leitura nas escolas locais. Para os jovens, a FlipZona reunirá tecnologia, audiovisual e grafite. Todos os encontros serão transmitidos ao vivo pela internet. A expectativa de público é de 20 a 25 mil pessoas. Os ingressos custarão entre R$ 12 e R$ 46 e serão vendidos a partir de 10 de junho, via internet: ingressorapido.com.br, telefone: 4003-1212 e em pontos de venda. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.