Se você aí é fã do “Cabeça-de-Teia” escalador de paredes, fique atento. Entre as atrações programadas pela Panini Comics Brasil para novembro, figura uma edição especial, de luxo, em formato americano, com 192 páginas em cores, encadernada e com acabamento de alta qualidade: Os Grandes Clássicos do Homem-Aranha. Trata-se da seleção de nove das melhores histórias (completas) da fase de ouro do super-herói aracnídio. Entre elas, a revelação da identidade secreta do Duende Verde, a primeira aparição de Rino e Randy Robertson e o confronto com o Rei do Crime. E o mais importante: todas escritas por Stan Lee e ilustradas por John Romita, pai, um dos mais importantes e aplaudidos desenhistas norte-americanos de gibis. É preciso dizer mais?
Homem-Aranha (ou Spider-Man) foi, certamente, uma das mais felizes criações de Stan Lee, o fundador do Universo Marvel e grande renovador dos quadrinhos americanos. Ele é o “pai” de nove de cada dez dos super-heróis nascidos na década de 60. Além do Aranha, deu vida ao Quarteto Fantástico, a Hulk, ao Surfista Prateado, a X-Men, ao Homem de Ferro, a Thor, ao Demolidor e a tantos outros ídolos de papel.
Stan Lee (ou Stanley Martin Lieber) escreveu e editou a aventura de estréia do Homem-Aranha, publicada no nº 15 da revista Amazing Fantasy, em 1963, e todas as 100 primeiras edições da primeira série própria do herói, Amazing Spider-Man. Ainda teve participação nas histórias até 1973, quando passou a dedicar-se apenas a projetos especiais e à tira diária do personagem para os jornais. Mais recentemente, tentou levar avante a Stan Lee Media, uma empresa dedicada a inventar heróis para a Internet, que durou pouco. Hoje, aos 80 anos, ele deveria estar curtindo merecida aposentadoria, mas – qual o que! – acaba de criar a Pow! Entertainment, uma produtora de filmes animados filiada à MGM.
“Criar personagens é a coisa mais divertida do mundo, mais até do que escrever argumentos” – confessou, certa feita, o autor, que jamais escondeu a preferência por dois de seus “filhos”. Um deles, certamente, é o Homem-Aranha (o outro, o Surfista Prateado). “Talvez porque nos identificamos bastante” – justificou.
Heróis humanizados
O grande mérito de Stan foi ter “humanizado” os super-heróis. Antes dele, os personagens dos gibis eram praticamente invencíveis. Dotados de poderes especiais, nada temiam, pois a vitória final era sempre certa. Depois de Lee, o cenário mudou. Os super-heróis passaram a enfrentar vilões bem mais fortes (ou mais hábeis e inteligentes) do que eles, a sentir na pele os problemas do dia-a-dia, como todo mortal, e, não raras vezes, a questionar as suas próprias existências e/ou amargar intensos períodos de profunda depressão.
Peter Parker, o Aranha, por exemplo, é um jovem comum do subúrbio, que foi criado por um casal de tios já idosos e que luta com grande dificuldade para sobreviver. A duras penas, conseguiu chegar à universidade e ganha a vida como fotógrafo “free-lancer”. Além das preocupações com o aluguel, com a rotina da escola, ainda se vê às voltas com poderes que lhe foram transmitidos acidentalmente por uma aranha radioativa.
Å Eu andava à procura de um novo personagem, pois precisava garantir o meu emprego – contaria Stan Lee, alguns anos mais tarde. Foi quando deparei com uma pequena mosca subindo pela parede. Meu emprego estava salvo. Eis ali a solução. Um homem-inseto! Primeiro pensei em Homem-Mosquito, mas faltava-lhe dramaticidade. Passei em revista os demais insetos. Quando cheguei na aranha, não tive mais dúvida. Era um Homem-Aranha que eu queria.
Os leitores também, como se ficou sabendo desde logo. Com ele, o império Marvel continua em pé, apesar das seguidas tempestades que têm atormentado o mercado editorial americano nos últimos tempos. E continua dividindo com X-Men a liderança de vendagem de gibis em todo o mundo, incluindo o Brasil.
Ditko e Romita
O primeiro esboço do Homem-Aranha foi feito pelo desenhista Steve Ditko. Aliás, foi Steve quem decidiu que o novo herói não deveria ter o mesmo porte físico dos personagens tradicionais dos quadrinhos. E criou o franzino Peter Parker das primeiras histórias. Mas coube a John Romita, senior, considerado por Stan Lee, o grande gênio dos pincéis, a definição do visual do Aranha na segunda metade dos anos 60. Ele sucedeu Ditko em 1966 e conduziu a revista Amazing Spider-Man, com Lee, até 1973. Como era oriundo dos quadrinhos de romance dos anos 50, Romita foi também o responsável pela introdução nas histórias das jovens e bonitas namoradas de Peter Parker, como Gwen Stacy e Mary Jane Watson, com quem ele viria a casar-se nos anos 90.
John Romita cuidou, também, das tiras do Homem-Aranha para os jornais, no final da década de 70 e foi diretor de arte da Marvel Comics até a década de 90. Sua maior produção, no entanto, talvez tenha sido o filho, John Romita Jr., um jovem artista de fino traço e grande talento. E que, como o pai, também, já assinou (e continua assinando) inúmeras aventuras do aracnídio.
O grande momento da dupla Stan Lee e John Romita, sr., foi, com certeza, a história que culmina com a morte de Gwen Stacy, causada pelo Duende Verde. Uma seqüência inesquecível de páginas da mais intensa emoção, poucas vezes vista nos quadrinhos (originalmente publicada no Brasil pela Ebal, de Adolfo Aizen), e que, infelizmente, não foi incluída entre os clássicos da presente edição especial da Panini. Espera-se que o seja numa das próximas.
Heróis do Universo DC estão chegando
Batman 1, estrelado pelo velho Homem-Morcego de Bob Kane, é a edição de estréia da parceria DC / Panini Comics no Brasil, nas bancas neste mês de novembro. E com uma atração a mais para os leitores cá da terrinha: a capa é assinada pelo brasileiro Joe Bennet (Bené Nascimento), há algum tempo radicado nos EUA. Na revista, policiais de Gotham City passam a agir estranhamente e se tornam suspeitos de crimes em circunstâncias misteriosas. Para complicar ainda mais, Sasha Bordeaux, guarda-costas do playboy Bruce Wayne começa a desconfiar que seu protegido é mais do que aparenta ser… E no caminho ela acaba cruzando com um certo herói encapuzado.