São Paulo (AE) – Nas agendas que ofereceram como brinde de fim de ano, a Sony, empresa controladora da marca Columbia, anuncia que o calendário nela contido não tem outro objetivo senão marcar a data de 19 de maio de 2006. Neste dia ocorrerá a estréia mundial de O Código da Vinci, que Ron Howard adaptou do best seller de Dan Brown, com Tom Hanks como Robert Langdon.
Será o acontecimento midiático de 2006 no cinema, e há quem aposte que venha a se converter no maior sucesso de todos os tempos, superando blockbusters como o Titanic de James Cameron. Claro que há um risco – Howard vai ser fiel ao livro?
É mais fácil citar os títulos dos filmes do que as datas de estréias pelo simples fato de que o mercado não está formatado para a produção nacional. O mercado pertence a Hollywood e assim é sopa no mel fixar as datas dos grandes lançamentos do cinemão. O Código da Vinci chega em maio, Missão Impossível 3 em junho, o novo Superman em julho e X-Men 3 em agosto. Podem ocorrer pequenas mudanças de datas porque os exibidores e distribuidores terão de arranjar espaço para Piratas do Caribe 2 no meio disso tudo.
Janeiro e fevereiro são os meses do Oscar. Antes, quando o prêmio da academia de Hollywood era distribuído no fim de março, os lançamentos ocorriam no começo do mês. Com a antecipação da data, os primeiros meses do ano deixaram de ser malditos. Há outra explicação – os cinemas brasileiros estão hoje concentrados em shoppings; raras são as salas de rua; e shoppings existem em todas as capitais brasileiras e até nas praias da orla, que não ficam necessariamente em capitais. Banhos de mar pela manhã e à tarde e, à noite, ar-condicionado. Onde? No cinema do shopping, com direito a praça da alimentação, antes e depois.
Nem toda produção hollywoodiana é burra. Boa-noite e boa sorte, o poderoso ataque de George Clooney ao macarthismo (e à sua permanência na era George W. Bush), deveria ter estreado dia 30, mas a distribuidora Paris resolveu apostar no Oscar, convencida de que o filme tem cacife para concorrer às estatuetas douradas. Em janeiro e fevereiro estréiam Capote, que deve candidatar Philip Seymour Hoffman ao prêmio de melhor ator; Soldado anônimo, de Sam Mendes, sobre a guerra no Iraque; Syriana, produção de George Clooney sobre a delicada questão do petróleo; O segredo de Brokeback Mountain, o famoso western gay de Ang Lee; e Johnny & June, que também deve candidatar Joaquin Phoenix ao Oscar, por sua sensacional interpretação como Johnny Cash.