Há tempos que o universo das histórias em quadrinhos atrai crianças, jovens e adultos. Com uma linguagem própria, que seus leitores fazem questão de enfatizar que não é literatura, as HQ’s conquistam cada vez mais leitores ao redor do mundo e em Curitiba não é diferente.
Para se ter uma ideia na força das HQ’s na capital paranaense, em julho de 2011 foi realizada a primeira Convenção Internacional de Quadrinhos de Curitiba – Gibicon, que reuniu mais de 10 mil pessoas.
O projeto foi um piloto, intitulado número 0, e a próxima edição, que será considerada a primeira edição na cidade, acontecerá entre os dias 25 e 28 de outubro deste ano, e contará com a participação de diversos autores que se dedicam ao tema.
E a pluralidade é uma das características mais marcantes dos gibis. Com temáticas diversas, indo do infantil até o erótico, eles apresentam uma linguagem própria, identificada como uma mescla entre imagem e texto, além de vários subgêneros.
Segundo Rodrigo dos Santos, coordenador da pós-graduação da Faculdade Opet intitulada História em quadrinhos, ilustração, publicidade e cinema, única especialização em HQ’s do Brasil, atualmente o mangá é o subgênero que mais vendem.
“Eles apresentam uma produção mais atraente por conta dos efeitos visuais e da própria dinâmica da narrativa. Diferente dos HQ’s do subgênero super-heróis, que estão em queda nas vendas justamente pela dificuldade em acompanhar o desenrolar do enredo, porque cada personagem tem uma história cronológica muito longa, o que termina por desmotivar a leitura”.
Rodrigo enfatiza que no Brasil a HQ mais popular é A Turma da Mônica, com mais de 1 milhão de gibis vendidos por mês. “A Turma da Mônica acaba sendo o primeiro contato da garotada com o universo dos gibis e, a partir do momento em que as criançass vão crescendo, passam a se interessar por outras temáticas e a mais forte delas são os mangás”.
A qualidade das produções foi outro ponto que fez com que o interesse pelos gibis aumentasse e, neste caso, Curitiba tem algumas referências como Zé Aguiar e André Ducci, que trabalham diferentes temáticas e que possuem reconhecimento internacional.
A respeito das qualidades exigidas para que um autor de HQ’s possa se destacar no mercado, o professor universitário Jason Pedroso Sobreiro, que foi aluno da primeira turma da especialização da Opet em HQ’s, enfatiza que “não é necessário saber desenhar e sim aprender a se expressar por meio da linguagem dos quadrinhos. A capacidade técnica do desenho importa menos do que a capacidade de se expressar por meio dele”.
Pioneira
Quando se fala em HQ’s em Curitiba é impossível não citar Mitie Taketani, proprietária da Itiban, a única loja especializada em gibis na cidade, localizada na Avenida Silva Jardim, 845, no Rebouças. Fundada em 1989, em parceria com Luiz Francisco Utrabo, o Xico, marido de Mitie, a ideia da loja surgiu porque o casal têm as HQ’s como uma paixão em comum.
A loja trabalha com diversos autores nacionais e importados e, segundo Mitie, os segmentos mais procurados são os super-heróis e mangás. “Isso se dá porque essas temáticas têm maior suporte de outras mídias como cinema, televisão e internet, que ajudam na sua divulgação”, afirmou Mitie.
Quando perguntada a respeito da importância da realização de uma convenção como a Gibicon, em Curitiba, a comerciante, apesar de enfatizar que ninguém fica rico apenas produzindo quadrinhos, demonstrou otimismo com a iniciativa.
“A feira tem importância porque reúne os artistas e o público. Ela faz o que a internet não consegue fazer, que é aproximar as pessoas e, ainda que o mercado dos gibis seja pouco valorizado comercialmente, o ,cenário está mudando aos poucos, e a Gibicon ajuda nesta mudança”, completou Mitie.
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