A poesia no Paraná tem nome: Helena Kolody. Às vésperas de completar 90 anos de idade, Helena foi homenageada ontem na Biblioteca Pública do Paraná, centro de Curitiba, pela comemoração do Dia do Poeta.
A escolha não poderia ser outra: Helena Kolody faz aniversário no próximo dia 12 e é, sem dúvida alguma, a maior referência poética que o Estado tem. Helena fez questão de participar pessoalmente da solenidade.
Há três meses ela não saía de casa. “Estou com sérios problemas de saúde, de locomoção, com artrose”, explica a poeta.
Os problemas, no entanto, não tiram sua doçura. “A vida é muito linda. Se estou chegando aos 90 anos é porque tomo uma vitamina de carinho todos os dias.”
Incontáveis poemas
Helena Kolody conta que já perdeu as contas de quantas poesias já fez. Algumas delas ? precisamente noventa ? estarão em exposição no hall da Biblioteca Pública até o próximo dia 15 na mostra 90 vezes Helena Kolody. Outras preencheram balões brancos que tomaram conta do céu do centro da cidade.
“Parei de escrever há muitos anos, acho que vinte. Parei porque não tenho mais os sonhos de antigamente. Eu sonhava os poemas”, revela.
E como Helena Kolody sonhou. Publicou a primeira obra, Paisagem interior, em 1941. Em 1945 é publicado Música submersa. Seis anos mais tarde vem o lançamento de A sombra no rio. Em 1959 é publicada a Trilogia, separata de Um século e poesia, livro editado pelo Centro Paranaense Feminino de Cultura.
Em homenagem aos 50 anos, em 1962, seus alunos editam Poesias completas, reunindo livros publicados até então. Em 1964 publica Vida leve e, um ano depois, 20 poemas. Também chegou a editar dois novos livros em um único volume. É o caso de Era espacial e Trilha sonora, de 1966. A publicação de Antologia poética acontece um ano depois.
Em 1970 lança Tempo. Sete anos mais tarde é publicado Correnteza. Em 1980 publica Infinito presente. Em 1983 sai a edição de Poesias escolhidas, tradução de 22 de seus poemas para o ucraniano por Wira Wowk. A primeira edição de Sempre palavra acontece em 1985.
Em 1986 é lançada a primeira edição de Poesia mínima. Em 1988 é a vez de a Criar Edições lançar Viagem no espelho, uma reunião de todos os seus livros até então publicados. Em 1989, seu depoimento ao Museu de Imagem e do Som resulta na publicação de Helena Kolody: poetisa.
Em 1991, a Secretaria da Cultura lança Ontem, agora, livro de poemas inéditos. Na série Buquinista, da Fundação Cultural de Curitiba, em 1993, é lançado Reika. Em comemoração aos 60 anos do lançamento do primeiro livro de Helena Kolody, no ano passado, a Cria Edições publica Viagem no espelho e 21 poemas inéditos.
Violência
Às vésperas de completar 90 anos, Helena Kolody lamenta principalmente a violência instalada nos centros urbanos. “O mundo está muito violento. Não se respeita mais a vida das pessoas, mata-se por qualquer motivo”, lastima.
Apesar dos contratempos, que poderiam interferir na inspiração de qualquer poeta, Helena não prefere não fazer este tipo de relação. E encerra a conversa com palavras, mais uma vez, sábias. “O sonho é como um passarinho que pode cantar no descampado. Ele é independente.”