Ela não gostava de ser chamada de filósofa. E a atriz Barbara Sukowa arrisca que Hannah Arendt também não gostaria de ser definida como feminista. Mas essa mulher, com certeza, marcou a história do pensamento no século 20, principalmente depois de cobrir, para a revista The New Yorker, o julgamento de Adolph Eichmann em Israel, no começo dos anos 1960. A experiência deu origem a um livro – Eichmann em Jerusalém -, que também estabeleceu o conceito da banalidade do mal, que virou a pedra de toque do pensamento de Hannah Arendt. E justamente este período da vida de Hannah é evocado no filme em cartaz.

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Barbara Sukowa pode dever sua fama inicial a Rainer Werner Fassbinder, depois de fazer com ele o monumental Berlin Alexanderplatz e Lola, mas também possui uma parceria de longa data com a diretora Margarethe Von Trotta, que assina Hannah Arendt. Em 1986, Barbara foi melhor atriz no Festival de Cannes, dividindo o prêmio com a brasileira Fernanda Torres, por seu papel em Rosa Luxemburgo, outro filme de Margarethe.

Nenhum dos dois pretende ser uma biografia, mas selecionam recortes da vida de suas protagonistas para iluminar quem foram e o que pensavam.

A entrevista é por telefone e o número, em Nova York. O que Barbara Sukowa faz na Big Apple? “Moro aqui há mais de 20 anos, no Brooklyn. Minha vida na Alemanha se tornara impossível e, para continuar de bem com meu país, eu tive de me distanciar dele. Nos EUA, permaneço uma atriz e cantora alemã.” Pois a verdade é que, a par de extensa filmografia, com papéis no cinema de língua inglesa, Barbara também é cantora lírica de prestígio, com memoráveis interpretações em peças como o Pierrot Lunaire de Arnold Schoenberg.

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Como ela se preparou para fazer Hannah, a personagem? “Da mesma forma que em Rosa Luxemburgo. Não tenho semelhança física com nenhuma das duas, e em nenhum momento Margarethe e eu pensamos que eu deveria me transformar nessas mulheres. Nesse sentido, nossa parceria vai na contramão das cinebiografias de Hollywood. Procurei me documentar, reproduzir certos gestos, como o cigarro de Hannah, mas nunca imitando nem mimetizando. O importante nesses filmes não é o trabalho da atriz, mas a personagem em cena. São filmes de ideias, não de performances.”

HANNAH ARENDT – Direção: Margarethe von Trotta – Gênero: Drama. (Alemanha-França/2012, 113 minutos). Classificação: 14 anos

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.