Morto há exatos 17 anos, Renato Russo se transformou em um verdadeiro ícone da música brasileira. O vocalista da Legião Urbana tinha fama de dramático e depressivo, pecha que carregou até seus últimos dias e só aumentou com o anúncio de que ele fora mais uma vítima de complicações em decorrência da AIDS.

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Gênio precoce, Renato já esboçava na infância seu talentos para as artes, chegando a criar diversas telas e desenhos. Na adolescência a vitalidade de Renato, que já havia descoberto sua paixão pela música, foi derrubada pela epifisiólise, doença que o deixou de cama entre os 15 e 17 anos. Nesse período “conturbado”, Renato aproveitou para estudar música e ler muito, dando a ele um cabedal que poucos roqueiros tiveram.

Entre o Aborto Elétrico, sua primeira banda, formada em 1978, e a Legião Urbana, concebida com Marcelo Bonfá em 1982, Renato Russo se apresentou por Brasília como o Trovador Solitário, uma espécie de Bob Dylan do Planalto Central. E foi, justamente, uma fita sua com gravações desse período que caiu nas mãos da gravadora EMI, por intermédio dos “padrinhos” “paralâmicos”, que a Legião se transformou em uma das maiores bandas do Brasil.

Equilíbrio distante

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No meio de tanta fama, glamour, grana e drogas, Renato não conseguia mais esconder sua bissexualidade, escancarada na música “Meninos e meninas”, do clássico “As Quatro estações”, de 1989. “É uma música sobre a Igreja Católica”, dizia o cantor quando perguntado o motivo que o levou a escrever sua orientação sexual.

Não demorou para que rumores de que estava com AIDS começassem a surgiu no início de 1990. Os boatos sempre eram desmentidos por Renato, que já havia se descoberto soropositivo. Tentando curar a dor de um amor perdido, ele criou o disco “Stonewall celebration concert”, que doava metade dos direitos para a campanha contra a fome, idealizada pelo sociólogo Betinho. Composto por canções emblemáticas da cultura norte-americana, como “Send in the clows” e “When you wish upon a star”, o líder da Legião Urbana celebrava a cultura gay.

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No ano seguinte, Renato se enfurnou em um estúdio para gravar “Equilíbrio distante”, um álbum cantado totalmente em italiano e que fez da música “Strani amori” uma verdadeira coqueluche nas rádios. Apesar do sucesso do disco, Renato não fazia aparições públicas, o que aumentavam as suspeitas de uma crise depressiva.

O ano de 1996 começaria com ele, Dado Villa-Lobos e Bonfá trancados em um estúdio para gravar “A Tempestade”, último álbum lançado com o cantor vivo. O título, por sinal, é homônimo à ultima obra do dramaturgo e poeta inglês Shakespeare. Cerca de duas semanas após o disco chegar as lojas, a morte de Russo era manchetes em todos os jornais e seu séquito de fãs choravam a morto do ídolo.