Quase 20 anos separam a primeira apresentação do Guns N’Roses no Brasil para esta que a banda de Axl e cia. vai fazer hoje à noite no estádio do Palmeiras, em São Paulo. Quanta diferença. Naquela época, você podia cravar que Axl Rose era o dono do mundo, detentor da marca de 100 milhões de discos vendidos. O Guns N’Roses fazia o que bem entendia. Na segunda edição do Rock In Rio, em 1991, chegou de surpresa em meio à gravação do megalomaníaco álbum duplo “Use Your Illusion”. Tomou todas as drogas e mesmo assim “cometeu” dois shows inesquecíveis. Hoje é só a sombra daquela coalizão de egos em que Axl se sobressaía.
Para disfarçar a voz em frangalhos, na nova turnê (“Chinese Democracy World Tour”) Axl desvia a atenção do público com uma produção caprichada, músicos competentes e uma massa sonora cheia de efeitos. Há momentos em que sua voz some – propositalmente. Diferentemente de 2001, Axl pouco fala neste show. Naquele ano, tinha até uma tradutora no palco. Em Brasília, no show que apresentou no domingo, se resumiu a falar “Brasília”. No fim do show de duas horas e meia de duração ainda pediu desculpas pelo atraso e o horário do término da apresentação (2h45).
Em cima do palco a banda formada por Tommy Stinson (baixo), Dizzy Reed (teclados), Bumblefoot, DJ Ashba e Richard Fortus (guitarras) Chris Pitman (teclados e baixo) e Frank Ferrer (bateria) está afinadíssima. Cada um deles – com exceção de Pitman – faz seu solo durante a apresentação. O baixista Tommy e seu jeito mezzo punk mezzo grunge é o clone de Duff McKagan, enquanto o guitarrista DJ Ashba emula Slash nas guitarras com direito a cigarrinho no canto da boca.
O repertório privilegia o primeiro álbum, “Appetite for Destruction” (1987). Os bons momentos do novo álbum (Chinese Democracy, de 2008, que demorou 14 anos para ficar pronto) ficam por conta da faixa título e de “Better”, que funcionam bem ao vivo. É torcer para que Axl esteja de bom humor na noite de hoje.
