Não houve surpresas. Uma aposta segura nos pilares do rock venceu o páreo no Jockey Club, este fim de semana. De grunge a garage, passando pelo southern rock, a narrativa campeã do Lollapalooza 2013 foi protagonizada pela guitarra, aquela fiel escudeira, sempre confiável quando o assunto é colocar 160 mil pessoas em um evento de três dias.

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A começar pela unanimidade, o show do Pearl Jam, viu-se na programação uma eficaz vitória de acordes farpados sobre estéticas contemporâneas. Com um fôlego aparentemente eterno, Eddie Vedder recriou mais uma vez a efervescência grunge de sua banda para o delírio das gerais. O batido The Hives, que não lança um bom disco há tempos, redimiu-se antes do Pearl Jam, lançando um blitzkrieg de garage rock sobre a multidão. Canções curtas e explosivas foram intercaladas pela cômica interação do líder Howlin’ Pelle Almqvist, um bufão etilizado do rock n’ roll, que chegou a declarar “esta noite, eu sou o seu líder espiritual” à plateia. The Killers garantiu a catarse de guitarras indie, e sem firulas, Alabama Shakes foi a peça retrô mais significante do evento, contando com o talento tradicional da cantora Brittany Howard para superar as deficiências sonoras do palco alternativo.

Ao mesmo tempo, a escalação de sons há tempos consagrados engessou o evento. O foguete metálico que o Queens of Stone Age mostrou no SWU, em 2010, não passou de um buscapé. Com a mesma falta de impacto, o Black Keys mostrou-se fora de seu elemento ao fechar a segunda noite do Lolla com uma receita manjada de garage rock. Ao vivo, é muito menos eficiente do que sugere o hype comercial em torno do grupo.

Apostas em “novidades” modernas, como o indie pop padrão do Two Door Cinema Club, feito para ser trilha de comerciais da Apple, pareceram fruto de uma pesquisa publicitária. A culpa é dividida com o público brasileiro, que não compra ingressos para um festival, e sim para determinados shows (vide o último dia do Lolla, que teria esgotado mesmo se a única apresentação fosse a do Pearl Jam).

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Adicione um mercado de patrocinadores capenga, visto no espaço publicitário pouco aproveitado do festival, e há pouca margem para novidades. Inovação e sincronia com o cenário pop autoral do resto do mundo são trocadas por chamarizes fáceis. Prova disto é a maçante programação eletrônica do Lollapalooza, que atrai DJs monótonos, como o caríssimo Steve Aoki, Rusko e Porter Robinson, em nome da padronização-tendência da música de pista internacional.

Como no belo show do TV On The Radio, no ano passado, surpresas ficaram por conta de veteranos alternativos. O indie psicodélico do Flaming Lips não agradou à plateia, mas foi um oásis de nuance e criatividade em meio ao pop pauleira do festival. Tramando texturas na tradição de Eno e Bowie, e cantando romantismo cínico e, ao mesmo tempo, tocante em baladas, o líder Wayne Coyne comandou uma apresentação menos estagnada que a maioria.

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O lendário rapper Nas também integrou os destaques escondidos, e mostrou porque é o Pelé do “flow”, metralhando sílabas com precisão assustadora. Foi a primeira vez do rapper no País, e em plena forma, aos 39 anos, recriou os idos áureos do hip-hop nova-iorquino. Como sempre, o Hot Chip agradou com sua sempre renovada coleção de hits. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.