Discretíssima no filme original de Dario Argento, de 1977, a dança é uma das protagonistas do remake de Suspiria, que estreou nesta quinta, 11, no Brasil. O filme ganhou um acréscimo ao título – A Dança do Medo. Susie/Dakota Johnson, a Anastasia da série 50 Tons, faz uma garota que vem de uma comunidade fechada dos EUA – os amish – para se tornar bailarina numa das mais renomadas companhias do mundo, a Markos Tanz Company, em Berlim. A família é religiosa e, agora, essa outra família para a qual ela está entrando é profana.

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Numa entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, na época de Me Chame pelo Seu Nome – quando já preparava o remake de Argento -, o diretor Luca Guadagnino confessou ao repórter que, desde pequeno, adorava o cinema de gênero. Os pais saíam e ele ficava vendo filmes de terror na madrugada. Guadagnino até brincou – “Hoje, eles (seus pais) poderiam ser acusados de negligência, perderiam minha guarda.” Guadagnino considera Argento um mestre, mas o filme dele contempla outra influência – a do alemão Rainer Werner Fassbinder, que investigou o universo feminino e a crueldade dos homens.

A versão de Guadagnino situa a ação no ano em que foi produzido o giallo clássico de Argento. Em 1977, Berlim está dividida pelo Muro e convulsionada pelas ações terroristas do Grupo Baader Meinhoff. Nesse quadro, um psiquiatra tenta descobrir o que ocorreu com uma de suas pacientes, que desapareceu na Markos Tanz. Seu interesse pela casa e pelo que pode estar ocorrendo lá dentro coincide com a chegada de Susie/Dakota. Intensificam-se a violência, e os assassinatos. Quem é, na verdade, Madame Blanc, a personagem interpretada por Tilda Swinton? Na casa, há uma disputa de poder, que divide as professoras e alunas.

Guadagnino investe mais no grotesco que no terror, para criar o medo. Um bom exemplo disso é a cena em que a bailarina se quebra toda ao executar a coreografia de Madame Blanc. A cena é aflitiva, Argento assusta muito mais no ataque do cão-guia ao pianista cego. E ele só revela no fim o segredo que Guadagnino escancara de saída, quando a paciente diz ao terapeuta – “Elas querem me pegar!” Elas são as bruxas, as mães Lacryimarum, Suspiriorum, Tenebrarum.

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Guadagnino entende Argento e carrega no vermelho, mas exagera nos penduricalhos sem ser mais complexo e ainda perde na trilha. Goblin arrasava no original. Jessica Harper, que protagonzava o filme antigo, tem um pequeno papel. Ingrid Caven, atriz de Fassbinder, uma participação maior. E Tilda Swinton, preste atenção, faz três papéis. Talvez cause frisson a revelação da identidade da terceira mãe, mas o que Guadagnino agrega a Argento é a história de amor do psiquiatra. É o que seu filme tem de mais intenso.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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