Grupo Tapa festeja história com a peça ‘A Mandrágora’

“Eu não compreendo grupos de teatro que, após receberem patrocínio, apresentam a peça cerca de vinte vezes e depois partem para outra pesquisa, como se nada tivesse acontecido”, calcula o diretor Eduardo Tolentino, que estreia sua versão de Mandrágora, texto de Nicolau Maquiavel. “Independente da origem desse apoio, não se pode esgotar nem dinheiro nem trabalho dessa maneira. É importante conduzir uma pesquisa que resulte em repertórios. Os projetos das nossa peças não são pensados com validade menor de três anos”, completa o carioca, enquanto ensaiava no Teatro Aliança Francesa.

O texto de Maquiavel, escrito em 1503, narra a trama de um jovem italiano que se passa por médico para conquistar o amor de uma mulher casada, que sofre por não conseguir engravidar. Com o consentimento do marido, do padre e da mãe da moça, o falso doutor receita um tratamento à base de raiz de mandrágora, conhecida pelas suas propriedades afrodisíacas.

“Sempre que voltamos com uma nova temporada da peça, muitas pessoas vêm rever, assim como novas gerações chegam para conhecer. Maquiavel é popular talvez por conta da comédia e do riso, mas também continua sendo Maquiavel, altamente político”, explica.

A encenação criada em 2004 teve no elenco Rodrigo Lombardi e Maria Alice Vergueiro e rendeu ao ator Guilherme Sant’anna o Prêmio APCA e indicação ao Shell. “Existem as historinhas, que ficam pela superfície e existem as peças que falam de coisas profundas e essenciais. Assim é na obra de Maquiavel que cria uma estratégia de guerra para conquistar a mulher”, conta Sant’anna.

Para Tolentino a força de A Mandrágora está na consciência adquirida pela mulher. “Pela primeira vez a figura feminina percebe que pode deixar de ser manipulada e também pode gozar o poder.”

Na estrutura da montagem, Tolentino prima pelas principais características da comédia românica e também avança na compreensão de sociedade. “Temos as características da vida social no burgo e suas relações. No palco, o elenco permanece, a maior parte do tempo, relembrando os espetáculos ao ar livre. Além disso, a decadência aqui é mais erotizada.”

E, falando de relembrar, a volta do espetáculo no Aliança Francesa se torna motivo para refletir a trajetória do Tapa. A companhia fundada em 1974 veio para a capital paulista em 1986. Na cidade, ocupou o teatro durante quinze anos. “Vamos comemorar 30 anos em 2015. É bom, é sempre bom retornar”, conta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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