Divulgação |
O Grupo Espanca! apresenta, entre os |
"Por Elise", escolhida pela Folha de S. Paulo como um dos melhores espetáculos do Fringe em 2005, trata dos encontros e desencontros entre vizinhos e aborda a procura por proteção e segurança. No palco desfilam personagens como uma Dona de Casa com medo que os abacates do pé de sua casa caiam sobre ela; um Cão que late palavras; um Lixeiro em busca de seu pai que há anos não vê; uma Mulher perdida que terá seu cão sacrificado; um Funcionário que deseja ir para o Japão e trabalha como recolhedor de cães doentes, protegido em um uniforme que faz com que ele não sinta nem quando o espancam, nem quando o amam. A peça é, desta forma, composta por situações que primam pela teatralidade da linguagem e pelas revelações constantes das relações humanas.
O texto é uma fábula que trata do comportamento do homem contemporâneo: as contradições de seus sentimentos, as formas como vive medindo o quanto se envolve com as coisas, o quanto se protege delas. É o encontro de cinco pessoas que se reúnem para ?fazer teatro?, mas não conseguem. Existem mais sentimentos do que técnicas de atuação e, por isso, eles não conseguem não se envolver verdadeiramente uns com os outros. Eles não conseguem deixar de se envolver! Nem com seus personagens!
A encenação busca um olhar que surpreenda a forma, sem perder sua substância. Busca o estranhamento sem vangloriar-se dele, sem perder de vista a sutileza. O estranhamento como proposta de um olhar um pouco menos alienado da forma. Talvez seja assim que se descubram outras belezas.
Cada personagem ? arquétipo palpável do nosso cotidiano ? é a representação de algo que os guia: a Dona de Casa, a representação da razão (sua ação principal é a de falar); o Lixeiro, a representação da fé (corre, corre… como uma ordem! Já viu um Lixeiro parar para pensar enquanto trabalha? Não! Eles são como a Fé: agem somente, sem mistificação); a Mulher, representação da emoção (anda vagando, e cai, e levanta-se); o Funcionário, representação do medo age protegendo-se (é o medo de sentir dor! É o medo de amar!). Por último, o Cão: representação da verdade (e ora, a ação da verdade mais pura é latir. Late-se porque sim! Um latido é uma reação pura. Uma reação de pureza).
E ainda, a respeito de ?personagem?, uma pergunta: E se um lixeiro, ao final do expediente, tirar seu uniforme e correr para sua casa. Ele continua a ser lixeiro? E se meu personagem disser coisas sobre mim? Eu continuo a ser eu? Ou um personagem? Buscamos no conhecido ?trabalho de personagem? aproximar do que nós somos. Nossos personagens não moram no Japão, mas entenda: ?Japão? é somente a representação, em palavra, de algo que nos é muito distante. Lugar distante… Mas ?tudo que está fora de nós está sempre distante?. Algo pode estar ao lado e ser distante. Cuidado: pode-se chegar ao Japão e continuar procurando o Japão. Oh, coração japonês!
A peça é uma criação do Espanca! e foi escrita paralela à criação do espetáculo. Os atores aqui são intérpretes e criadores dessa realidade. ?Pensamos ?Por Elise? em conjunto. Talvez seja assim que pesquisamos nossa linguagem?, diz Grace Passo, diretora e dramaturga da peça. Com ?Por Elise?, Grace ganhou os prêmios APCA 2005 de melhor dramaturga e Shell 2005 de melhor texto.
Ficha Técnica
Direção e dramaturgia: Grace Passô.
Intérpretes – criadores: Gustavo Bones, Marcelo Castro, Paulo Azevedo, Samira Ávila e Grace Passô.
Produção executiva: Agentz Produções.
Figurinos: Marco Paulo Rolla.
Iluminação: Telma Fernandes.
Trilha sonora: Daniel Soares Diazepam.
SERVIÇO:
Peça ?Por Elise?. Teatro da Caixa, de 14 a 16 de julho. Sexta e sábado às 21 horas e domingo às 19 horas. Ingressos a R$ 10,00 e R$ 5,00 (clientes, idosos e estudantes), à venda no Teatro da Caixa (rua Conselheiro Laurindo, 280). Informações 3321-1999.