Tudo começou há dez anos, quando o diretor Roberto Moretho ainda cursava artes cênicas na Escola de Comunicação e Artes, da Universidade de São Paulo, e a ideia de montar um grupo de pesquisas sobre dramaturgia surgiu. “Mais do que montar uma peça, a gente queria estudar a dramaturgia de uma história. Discutir como montar um texto que já estava pronto e também incluir nossas sugestões e questionamentos. E, além disso, falar de um teatro sem fronteiras etárias”, conta Moretho, que celebra, ao lado de Alessandro Hernandez, Mara Helleno e Teca Spera, a primeira década de um dos mais arrojados grupos teatrais do País quando o assunto é teatro infantojuvenil, a Cia. O Grito.

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Para comemorar essa marca, a trupe apresenta de sexta até segunda-feira, sempre às 15 e 20 horas, quatro peças que fazem parte de sua trajetória, no Teatro Municipal Humberto Sinibaldi Neto, em São José do Rio Preto. A celebração começa na sexta com “O Caso da Casa”, segue no sábado com “Marujo, o Caramujo e a Minhoca Tapioca”, no domingo é a vez de “O Armário Mágico”, e, na segunda, “1001 Fantasmas” fecha a programação.

Para entender a importância dessas quatro montagens, vale a pena retornar à origem de O Grito. “Na mesma época em que o grupo de pesquisas surgia na ECA, eu cursava o último ano da disciplina Teatro Infantojuvenil, que não existe mais. Justamente porque o teatro infantil, que deveria ser o que inspirasse mais pesquisas, era o que menos tinha. Na reformulação de currículo, ela foi extinta porque muitos professores começaram a observar que essa denominação, em vez de melhorar, empobrecia o teatro. Além de haver muito moralismo, nem sempre era produzido de forma criativa”, relembra Moretho.

Foi da vontade de investigar a questão e da ideia de que ‘teatro é teatro’ que O Grito partiu em direção à sua pesquisa. “Eu mesmo tinha preconceito contra montagens infantis, mas teatro é universal. Há o feito para todas as idades e o só para adultos. E há o olhar da criança sobre isso. Fomos em busca dessas discussões.” A partir daí, o grupo passou a realizar pesquisas sobre interpretação de símbolos e elementos do teatro tanto para os espectadores crescidos quando para os ainda em formação.

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A pesquisa, o treinamento dos atores, as experimentações – tanto temáticas quanto estéticas – renderam montagens, projetos e intercâmbios internacionais adultos; cinco espetáculos infantis foram montados e O Grito ainda recebeu indicações e prêmios entre os mais importantes do teatro nacional, como o APCA de melhor ator de teatro infantil de 2005 para Alessandro Hernandez por “1001 Fantasmas”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.