Grupo de teatro faz tour pelo ‘lado irritante’ de SP

“Gostaria de mandá-los para o inferno, mas vocês vão é para O Pior de São Paulo.” É com essa mensagem motivadora do Comandante Trevor que, no último sábado, um grupo de 40 pessoas embarcou no ParlapaTour, uma excursão de ônibus pelo o que há de mais irritante na cidade.

O passeio sai do Espaço Parlapatões, na Praça Roosevelt. “Vamos botar caos nessa ordem”, anuncia o guia, interpretado pelo palhaço Hugo Possolo, do grupo Parlapatões. Ele e sua ajudante, a atriz Rachel Ripani, divide o público em filas para entrar no ônibus. “Mulheres com calcinhas de renda à esquerda, homens de jeans à direita”, diz ela.

“Vamos logo. Todo mundo estressado porque paulistano é assim mesmo”, agita Possolo, apressando a entrada. Antes de ocupar seus assentos, os passageiros ainda precisam tomar doses de vacina contra dengue e contra H 171 (código penal para estelionato) – “doença comum por aqui”, conta o guia.

As piadas tiram sarro do paulistano e de regiões da metrópole. “Revemos São Paulo de forma crítica”, afirma o dramaturgo Mário Viana, que escreveu o roteiro ao lado do Parlapatões. Uma das paradas do ParlapaTour é na Rua Oscar Freire, região luxuosa conhecida pela concentração de lojas de grifes. “Chegamos ao zoológico”, alerta Possolo quando o grupo desembarca na via. “Não alimentem os animais porque eles não estão acostumados com comida de pobres como vocês.”

A caminhada pela rua é interrompida por cenas dos atores. Perto de restaurantes chiques, por exemplo, dois deles ensinam como fazer churrasquinho de gato – ‘ícone’ da cidade. Na calçada, um casal encena uma briga. “Na Oscar Freire vocês aprenderam que é permitido parar o carro na faixa de pedestre”, analisa o guia. “Porém, é preciso ter um carro importado e blindado para isso.”

“Alguma coisa acontece quando cruza a Consolação com a Paulista”, alerta ele, dentro do ônibus. Na mesma hora, atores vestidos de bandidos entram no veículo – intervenções, brincadeiras e até um teste de conhecimento sobre a cidade são feitos durante o tour. “Somos do crime organizado e fazemos tudo direitinho”, diz um dos ladrões. “Quem quiser pagar com cartão de crédito, temos maquininha.” A maioria, porém, dá o “dinheiro do ladrão” – notas falsas distribuídas no começo em um kit básico de sobrevivência em São Paulo. A primeira saída do ParlapaTour foi em 2007. Essa é a segunda edição do passeio, que conta com sessões até domingo que vem – os roteiros e os pontos visitados variam. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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