Os principais registros hoje disponíveis sobre a Curitiba do início do século 20 são de autoria de João Baptista Groff (1897-1970), artista curitibano que atuou como fotógrafo, cineasta, editor e pintor. A ele é dedicada a exposição Groff – O Olhar que Ilumina Curitiba, que a Fundação Cultural de Curitiba reapresenta, desta vez no Memorial de Curitiba. O material pertence ao acervo da Casa da Memória.
Desde muito cedo Groff revelou-se na arte de representar o cotidiano. Suas imagens constituem cenas corriqueiras da cidade, os colonos e suas charretes, o comércio, os automóveis e os bondes, os nevoeiros e pinheirais. Pelas suas fotos é possível observar as transformações que Curitiba experimentou nas décadas de 20, 30 e 40. Podem ser conferidos na exposição diversos ângulos da Avenida Luiz Xavier, a Rua XV de Novembro, a Rua Riachuelo e até imagens aéreas, como a que foi feita sobre a Praça Dezenove de Dezembro.
João Baptista Groff ganhou sua primeira máquina fotográfica aos 15 anos. Logo começou a produzir por conta própria, fotografando as paisagens da cidade e transformando-as em cartões-postais. Abriu o seu próprio estúdio fotográfico e foi o pioneiro da cidade no comércio de materiais para fotografia. Depois foi repórter fotográfico da Gazeta do Povo, do Cruzeiro e de diversos jornais dos Diários Associados. Suas fotos foram premiadas no Salão Nacional de Fotografia, realizado no Rio de Janeiro, e no Salão de Fotografia de Paris, em 1927.
Foi em meados da década de 20 que Groff produziu o seu primeiro filme, depois de conhecer e se encantar com uma câmera filmadora. Seu primeiro desafio foi filmar as Cataratas do Iguaçu e as Sete Quedas, desbravando muitos trechos daquela região. Groff vendeu as imagens para a produtora americana Walt Disney e elas passaram a integrar o documentário Maravilhas da Natureza.
Depois passou ao registro dos acontecimentos políticos e estreou, em 1930, o filme Pátria Redimida, sobre a passagem das tropas revolucionárias de Getúlio Vargas pelo Paraná. O filme original, doado por Groff à Cinemateca Brasileira, foi destruído por um incêndio em 1957. Outra cópia, em posse da família, também queimou-se num incêndio em 1978. A Cinemateca de Curitiba realizou um trabalho de recuperação da obra, estabelecendo um roteiro semelhante ao original, através de doações de amigos e familiares do cineasta.
Na última fase de sua vida, Groff dedicou-se às artes plásticas e continuou exaltando em suas pinturas as belezas naturais de seu Estado e de sua cidade. Deixou perto de 600 telas que estão sob os cuidados de sua família.
Serviço:
Groff – O Olhar que Ilumina Curitiba.
Exposição de fotografias e exibição de filmes de João Baptista Groff (1897-1970).
Memorial de Curitiba – Salão Paraná (R. Claudino dos Santos, s/n – Setor Histórico). De 23 de dezembro a 30 de janeiro de 2005. De terça a sexta-feira, das 9h às 12h e das 13h às 18h; sábados e domingos das 9h às 15h. Entrada franca.