As faixas nas fachadas ainda dizem “estamos em greve”, mas os servidores federais da cultura já voltaram ao trabalho no Rio de Janeiro, depois de três semanas parados. Ontem, a Biblioteca Nacional, a Fundação Nacional de Artes (Funarte), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Fundação Palmares e os 14 museus do Estado estavam funcionando.
Na Biblioteca Nacional, turistas que tentaram fazer a visita guiada em dias anteriores e encontraram as portas fechadas saíam satisfeitos, assim como pesquisadores que atrasaram seus trabalhos por não terem acesso ao acervo. No Museu Nacional de Belas Artes, onde parte dos funcionários já havia retornado semana passada, as exposições “Rio – A Arte da Animação” – estendida até o próximo domingo por causa da greve – e do 3º Festival Internacional de Humor recebiam visitantes.
Cerca de 90% dos 1,8 mil servidores do Rio (o maior contingente do País, herança do período em que a cidade foi a capital do País) tinham aderido, segundo os grevistas; em alguns museus, como o Imperial, em Petrópolis, no entanto, a greve só durara dez dias.
Em outros Estados, o movimento também já vinha enfraquecido. De acordo com a Associação dos Servidores do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), Espírito Santo e Minas Gerais continuam parados.
Em assembleia segunda-feira nos pilotis do Palácio Capanema, onde fica a representação do Ministério da Cultura no Rio, a categoria deliberou pela permanência em “estado de greve” até 17 de outubro, à espera do cumprimento do acordo firmado com o Ministério do Planejamento no dia 31 de agosto. Este prevê a reestruturação do plano de cargos e salários, sendo a primeira etapa a revisão das tabelas de remuneração até julho de 2012. Outro ponto combinado foi o “aprimoramento dos instrumentos de desenvolvimento do servidor”.
“A avaliação foi a de que não adianta mais, porque o governo não negocia com quem está em greve. Vamos dar um voto de confiança”, disse Vicente do Carmo, diretor da associação do Ibram. “Queremos que se cumpra o firmado em 2007 (o acordo, que à época pôs fim a uma greve de dois meses, incluía, além do plano de cargos, a regulamentação da gratificação de titulação, com o objetivo de corrigir distorções nos salários de mestres e doutores, e a racionalização de cargos).”
O Ibram respira aliviado: está marcado para a segunda que vem o início da 5ª edição da Primavera dos Museus, evento que estava ameaçado em alguns Estados pela falta de funcionários. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.