Gravado em 1987, Tom Jobim Inédito chega às lojas

d14a.jpgRio de Janeiro (AE) – Tem disco novo de Tom Jobim na praça. Ou melhor, nem tão novo, mas um registro que era praticamente peça de colecionador, pois teve dois lançamentos anteriores em círculos bem restritos. Tom Jobim Inédito, que chega agora às lojas, foi gravado no verão de 1987, quando o maestro e compositor tinha acabado de completar 60 anos e de voltar profissionalmente para o Brasil.

Tinha lançado Passarim e viajava pelo País com a Banda Nova, que misturava amigos e família, e lotava qualquer lugar onde se apresentasse. Esse alto astral e o repertório desses shows está no CD, que faz uma retrospectiva da carreira de nosso maior compositor.

?Tem desde músicas do tempo de Canção do amor demais (disco gravado por Elizeth Cardoso, no fim dos anos 50s, com músicas de Tom e Vinicius de Moraes, que anunciou a bossa nova) até as que ele tinha acabado de fazer?, conta o filho do compositor, Paulo Jobim, que tocava violão e fazia os arranjos nos shows e gravações, enquanto a irmã, Elizabeth, e a mulher de Tom, Ana, estavam no coro. ?Desta vez, não foi preciso mexer em nada da gravação original. O primeiro lançamento foi em elepê, depois fizemos um CD duplo que acabou logo e agora coube tudo num só. Mas o livreto original está completo.?

Nele, Vera Alencar (diretora dos Museus Castro Maya), que produziu o disco junto com o pesquisador Jairo Severiano e na época organizava o acervo de Tom Jobim, conta que a idéia era lançar junto a biografia escrita por Sérgio Cabral e o disco, que poderia até ter participações especiais, já que havia muitas. Mas o compositor preferiu gravar só com seu grupo, ouviu mil palpites sobre o repertório e decidiu o que entrava e quem cantaria.

Das 24 faixas, só Modinha (ou Seresta n.º 5) não é de Tom, mas de Villa-Lobos e Manuel Bandeira. ?Ele ensaiou primeiro com a Paulinha Morelenbaum. Quando estava lindo, decidiu que Danilo Caymmi iria cantá-la?, conta Vera. Tal como a outra modinha que está no disco, dele e Vinicius, Danilo Caymmi tem só o piano de Tom a acompanhá-lo.

Ele canta e toca piano na maior parte das músicas. Além dos standards da bossa nova, como Garota de Ipanema, Wave e Samba do avião, há músicas absolutamente cult, na época, como Falando de amor, que só ficou popular depois de abrir a novela Por Amor, na Rede Globo. Alguns registros são raros. Sabiá, Chega de saudade e Retrato em branco e preto não tinham tido, até então, gravações só com Tom. Segundo Vera, os ensaios e as gravações eram uma festa e que o resultado superou as expectativas. ?Muita gente ouviu Tom dizer que aquele tinha sido o trabalho de que mais gostava.?

Este é o segundo disco da parceria Jobim Music/Biscoito Fino (o primeiro foi Antônio Carlos Jobim em Minas, ao vivo – piano e voz) e alguma novidade deve surgir nos próximos meses. Paulo Jobim conta que há um show em Portugal e outro em Viena, este com orquestra sinfônica, que está em exame, e um terceiro espetáculo, no Canecão, também nos anos 80s, com participação de Milton Nascimento. Ele só não sabe ainda quando e como serão lançados. Só não devem aparecer músicas inéditas. Em outras ocasiões, Paulo Jobim já avisou que sessões de estúdio ou pedaços de música não terão lançamento comercial. Já os discos antigos, dos anos 70s, como Terra Brasilis e Matita Perê, que têm circulação restrita, podem voltar às lojas. ?Eles entram e saem dos catálogos, mas estamos vendo como resolver isso?, conclui Paulo.

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