Gramado quer fazer da próxima edição do seu Festival de Cinema Brasileiro e Latino um megaevento. Afinal, a 32.ª mostra, de 16 a 21 de agosto, ocorre no quadro das comemorações dos 50 anos de emancipação da cidade serrana do Rio Grande do Sul, que é, reconhecidamente, um grande centro turístico nacional e internacional. Ontem, em Porto Alegre, a comissão organizadora do Festival de Gramado anunciou os filmes selecionados para a disputa dos Kikitos deste ano.
Os longas brasileiros que participam da competição são – O Quinze, de Jurandir Oliveira; As Filhas do Vento, de Joel Zito de Araújo; O Brilho das Coisas, de Helena Solberg; Araguaya – Conspiração do Silêncio, de Ronaldo Duque, e Procuradas, de Zeca Pires e José Frazão. Dois latinos também participam da disputa pelos Kikitos – o argentino Vereda Tropical, de Javier Torre, e o cubano Suite Habana, de Fernando Párez. E há a mostra de documentários, formada por Cárcere, de Liliane Sulzbach; Mensageiras da Luz – Parteiras da Amazônia, de Evaldo Mocarzel, vencedor do recente Festival de Belém; Tempo de Resistência, de André Ristum, e Soldado de Deus, de Sérgio Sanz.
Um grande elenco de afro-brasileiros (Milton Gonçalves, Rocco Pitanga, Kadu Carneiro, Zózimo Bulbul, Ruth de Souza, Léa Garcia, Taís Araújo, Maria Ceiça) participa agora de As Filhas do Vento, que trata de difíceis relações familiares numa cidade onde ainda estão presentes os fantasmas da escravidão e do rascismo. O Quinze baseia-se no romance de Rachel de Queiroz; O Brilho das Coisas mostra o desabrochar de uma mulher no Brasil que também evolui, a partir da abolição da escravatura e da Proclamação da República; Araguaya põe na tela a delicada questão da guerrilha; e Procuradas trata de garotas de programa.
Os longas latinos falam sobre o exílio do escritor argentino Manuel Puig no País (Vereda Tropical) e descrevem um dia na vida de dez habitantes da capital cubana (Suite Habana). Os documentários longos usam histórias de parteiras da Amazônia para uma reflexão sobre o cinema (Mensageiras da Luz); desvendam o universo de um presídio para mulheres (Cárcere); lançam luz sobre o integralismo de Plínio Salgado (Soldado de Deus), e abordam a luta dos estudantes na época da ditadura (Tempo de Resistência).
O festival vai homenagear Tizuka Yamasaki, que recebeu o Kikito por Gaijin, em 1980, e ainda exibirá, fora de concurso, Olga, de Jayme Monjardim, baseado no livro de Fernando Morais. A extensa lista de curtas em 35 mm e 16 mm encontra-se no site www.festgramado.com.br.