O Governo francês respondeu neste domingo à indignação do ator Gérard Depardieu perante as críticas no país a seu exílio fiscal e vários ministros criticaram sua falta de solidariedade em tempos de crise.
A mais dura foi a ministra de Cultura, Aurélie Filippetti, que reprovou em particular o gesto do ator de anunciar que renuncia a seu passaporte francês e sua intenção de adquirir a nacionalidade belga.
“A cidadania francesa é uma honra, são também direitos e deveres”, declarou a ministra em uma declaração repetida a vários meios de comunicação.
“As pessoas que fizeram fortuna na França a fizeram graças ao sistema francês, e, no caso específico de Gérard Depardieu, seu sucesso se deve ao sistema francês de promoção do cinema”, afirmou Aurélie, lamentando que o ator “deserte do campo de batalha em plena luta contra a crise”.
Em entrevista à rede de televisão “France 2”, o prefeito do povoado belga de Néchin, onde o ator comprou uma casa para poder fincar raízes no país, contou que Depardieu lhe revelou que já tinha iniciado os trâmites para solicitar a nacionalidade belga.
Já o ministro da Educação francês, Vincent Peillon, considerou que o exílio fiscal de Depardieu constitui “uma falta de cidadania” e um “mau exemplo” para os jovens, além de deteriorar sua própria imagem.
A polêmica entre o ator e o Executivo pegou fogo principalmente com as declarações da quarta-feira passada do primeiro-ministro, Jean-Marc Ayrault, que qualificou de “desprezível” a atitude de Depardieu de transferir sua residência fiscal à Bélgica, devido ao regime mais favorável para os milionários e para evitar o pagamento de impostos na França.
A resposta do ator chegou hoje em forma de carta aberta a Ayrault, publicada no “”Le Journal du Dimanche””, na qual Depardieu diz que entrega seu passaporte e sua carteira da Seguridade Social e se queixa dos termos utilizados pelo primeiro-ministro.
“Quem é o senhor para me julgar assim?”, se pergunta.