O governo da Bahia e a Prefeitura de Salvador decretaram luto oficial de três dias pela morte do escritor baiano João Ubaldo Ribeiro. O governador Jaques Wagner (PT), que foi ao Rio participar do velório de Ubaldo, disse que o escritor soube “desvendar as entranhas da epopeia brasileira” como poucos. “Sua crítica social muitas vezes incomodava, mas também apontava caminhos”, afirmou. “Ubaldo é leitura essencial para quem quiser contribuir para a construção de uma sociedade melhor.”
Já o prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM), destacou a importância da obra de Ubaldo para “divulgar a identidade da Bahia no Brasil e no mundo”. Ele também lembrou que a Prefeitura lançou, em março, o Selo Literário João Ubaldo Ribeiro, para estimular o surgimento de novos escritores. “Foi uma homenagem a ele”, afirmou. “Vamos continuar nos inspirando em tudo que ele representa.”
Homenagens
Ninguém ocupa a mesa próxima à varanda. Um copo vazio foi deixado sobre o móvel. Assim, João Ubaldo Ribeiro foi homenageado pelos donos do restaurante Tio Sam (Leblon, zona sul), frequentado pelo escritor há 20 anos. A mesa de João Ubaldo ficou reservada por todo o dia.
Segundo a gerente Cristiane Esteves, de 35 anos, João Ubaldo costumava ir lá aos “sábados, domingos e feriados”. Chegava por volta das 11h e ia embora entre 14h e 15h. “Estava sempre cercado de amigos.”
O acadêmico bebia chope em tulipa e comia camarão ao Tio Sam, com pequenas alterações: pedia que o fruto do mar fosse cozido “no bafo”, em vez do empanado tradicional, e o arroz à grega viesse sem passas. João Ubaldo costumava encontrar com amigos que já frequentavam o bar e recebia os que não eram habitués, como se o Tio Sam fosse a extensão da casa. Também cumprimentava admiradores que o abordavam, sempre simpático.
No carnaval passado, o bloco Areia, que se concentra na Rua Dias Ferreira (endereço do Tio Sam), homenageou o escritor e os amigos. O desenho oficial do bloco mostra o comandante Schutt, outro frequentador assíduo, e João Ubaldo à mesa, servidos pelo dono do bar, Francisco Esteves. “Ubaldo, o João do Leblon”, diz a inscrição no cartaz. “Ele era bem próximo. Meu pai chegou a ir à Bahia visitá-lo quando esteve internado”, afirmou Cristiane.