O Instituto Tempo Glauber espera há oito meses por recursos do Ministério da Cultura (MinC) destinados à restauração, ao inventário e a outros projetos envolvendo o acervo histórico do cineasta Glauber Rocha, um dos mais ilustres nomes do Cinema Novo brasileiro. A entidade vem sendo bancada este ano pela família do cineasta, morto há 30 anos, enquanto a verba federal aguarda os trâmites legais para ser liberada pelo ministério. Agora, a nova promessa, é a de liberar os recursos em setembro.

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Em meio a promessas, assinatura de contratos e longos processos burocráticos, as contas se acumulam e tiram a paciência da primeira filha de Glauber, Paloma Rocha, presidente da entidade. “É um vexame passar por essa situação”, afirma. Em dezembro, o MinC assinou convênio para destinar R$ 200 mil a ações de preservação e atendimento gratuito ao público, manutenção do antigo prédio da sede, que fica no bairro de Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro, e cursos de capacitação no setor audiovisual.

No entanto, esse recurso nunca chegou aos cofres do Tempo Glauber. A promessa foi renovada em junho, mas questões de ordem jurídica teriam impedido a liberação do dinheiro. Paloma contava com o ministério para bancar o restauro e a digitalização do acervo do cineasta. Como os recursos não chegaram, a família não teve saída a não ser arcar com todas as despesas do instituto, cerca de R$ 30 mil por mês. “Foi uma bola nas minhas costas, na da minha equipe e na do próprio Glauber”, diz. “Não posso colocar do meu bolso o tempo todo.”

A entidade passou por corte de luz e de funcionários – seis foram afastados em 1.º de agosto. De acordo com Paloma, para cobrir os custos ela utilizou parte do dinheiro recebido com a venda do acervo de Glauber Rocha à Cinemateca Brasileira. A coleção de 22 filmes e cerca de 80 mil documentos e roteiros produzidos pelo cineasta foi adquirida em dezembro de 2010 por aproximadamente R$ 3 milhões. Tudo foi entregue restaurado e digitalizado – e pago – pela fundação.

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“O recurso do convênio era para concluir um trabalho no acervo que é do próprio ministério”, explica. “A Cinemateca reconheceu o trabalho que fizemos e pediu que ficássemos com o acervo até agosto para que ele fosse entregue todo arrumado.” No dia 23, o MinC voltou a prometer a liberação de recursos para a fundação. Durante sessão solene realizada no Senado Federal em homenagem aos 30 anos da morte do cineasta, um bilhete passou das mãos da secretária do Audiovisual, Ana Paula Santana, para o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e chegou ao presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP). Nele, a garantia do ministério em liberar os R$ 200 mil para o Tempo Glauber.

Por meio da assessoria de imprensa, o MinC confirmou o compromisso. “A Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura compromete-se em assegurar o apoio para manutenção do Tempo Glauber e da obra do cineasta aportando recursos de R$ 200 mil”, informou. Segundo a pasta, o convênio nunca sofreu interrupção e será cumprido o que foi acertado desde o início do processo. “Foi uma vitória política”, diz Paloma. “Agora temos instrumentos públicos para cobrar.”

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