A atriz Giselle Itié não consegue disfarçar a alegria ao falar de sua mais nova personagem na tevê, a aspirante a atriz Júlia Moreno, de Começar de Novo. Também pudera. Aos 22 anos, a bela mexicana de olhar penetrante e lábios carnudos tem mesmo motivos de sobra para estar feliz. Com pouco mais de três anos de carreira, já protagoniza a sua primeira novela na Globo. Apesar de ter atuado nas malsucedidas Os Maias e Esperança, ela conseguiu se sobressair em papéis de forte apelo sensual, como Lola e Eulália. A Júlia, de Começar de Novo, não foge à regra. Tanto que vira a cabeça do cinqüentão Andrei Ivanovitch, interpretado por Marcos Paulo. “Só não sei ainda como as donas-de-casa vão reagir a esse romance. Muitas devem pensar: ‘Ah, essa pirralha não vai roubar o Marcos Paulo da Natália do Valle!'”, brinca ela.
Tão surpreendente quanto ser chamada para protagonizar uma novela na Globo só mesmo voltar à distante Rússia em tão pouco tempo. Ela já havia estado lá no início do ano, quando fez um curso de interpretação baseado no método de Konstantin Stanislavski, famoso diretor de teatro russo falecido em 1938. “Como não sabia uma só palavra em russo, me virei na base da mímica”, brinca. Quando voltou lá para gravar a novela, já se sentia uma “czarina”. Ainda mais quando foi abordada em plena Praça Vermelha por um grupo de russas que a reconheceram de Esperança. “Quase caí para trás quando começaram a gritar o nome da Eulália”, ri.
De volta ao Brasil, a sempre bem-humorada Giselle Itié só não achou muita graça quando soube que boatos insinuavam que ela estaria tendo um caso com o ator Marcos Paulo. “Antes de ir para a Rússia, já disseram que eu estava namorando o Erik Marmo. Se antes de a novela começar já namorei dois, imagine quando ela acabar?”, ironiza. Na verdade, Giselle garante estar tão focada no atual trabalho que não consegue pensar em outra coisa da vida. Isso sem falar que o pai da moça, “seu” Fernando, é tão ciumento que, até hoje, ainda não conseguiu assistir a uma única cena de beijo da filha. Em Esperança, ele saía da sala só do Magrini colocar a mão na minha perna”, entrega, aos risos.
Família era contra
Os pais de Giselle Itié sempre torceram o nariz para a decisão da filha de ser atriz. “Quando era pequena, já fazia palhaçada para os outros rirem ou fingia estar triste para se preocuparem comigo”, lembra. Ao fazer 18 anos Giselle avisou à família que gostaria de voltar ao México para aprimorar o espanhol. Na verdade, queria era fazer um curso na Televisa. Para não levantar suspeitas, dizia que precisava do dinheiro para pagar a academia de ginástica. Durante quase um ano, morou de favor na casa de parentes. “Foi aí que resolvi ser realmente atriz. Mas, além da resistência da família, ainda tive um noivo que era contra”, queixa-se. Pior para ele… Afinal, Giselle está cada vez mais decidida a se firmar na profissão. “Só atraio homens complicados. Mas já decidi que não quero mais me envolver com homens machistas”, avisa, resoluta.
Na infância, fuga de terremoto
As mais remotas lembranças que Giselle Itié guarda de sua infância no México não são nada boas. Ela tinha apenas quatro anos quando um terremoto obrigou sua família a fugir às pressas do país. “Só lembro da babá me puxando para o elevador e gritando muito”, recorda. Depois de perderem tudo o que tinham, os pais de Giselle, Fernando e Sandra, resolveram tentar a sorte no Brasil. Foi justamente aqui, em terras brasileiras, que Giselle arriscou os primeiros passos como atriz. Por sugestão de uma amiga da agência Elite, fez testes para a Globo. “Cheguei a fazer algumas fotos, mas confesso que meio sem vontade. Sempre quis ser atriz, não tem jeito”, confessa.
A estréia na tevê aconteceu em Os Maias, de Maria Adelaide do Amaral. Na minissérie, ela interpretou a meretriz Lola, que protagonizava cenas “calientes” com Carlos da Maia, de Fábio Assunção. “Numa das minhas primeiras cenas, estava tão nervosa que ele pediu para todos saírem do estúdio”, relembra. Apesar de modesto, o papel de cortesã espanhola chamou a atenção do SBT, que a convidou para enfeitar o elenco de Pícara Sonhadora. Na trama, ela incorporava a megera Bárbara, que infernizava a vida da personagem-título de Bianca Rinaldi. “As loucuras da personagem me ajudaram a conhecer melhor o meu lado selvagem”, divaga ela.
Pouco tempo depois, um telefonema do diretor Luiz Fernando Carvalho com quem havia trabalhado em Os Maias trazia Giselle Itié de volta à Globo. Em Esperança, ela enlouquecia meio elenco como a fogosa espanholinha Eulália.
