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Giovanna Grigio fala sobre paixão por quadrinhos e elege seus preferidos

Will Eisner, mestre dos quadrinhos mundial, costumava dizer que para adicionar dramaticidade a uma história, basta colocar sombras no desenho. Afinal, o homem tem medo do desconhecido. Mas não uma mulher e, definitivamente, não Giovanna Grigio.

A atriz, intérprete da doce Mili em “Chiquititas” (2013-2015) e da transgressora Samantha em “Malhação – Viva a Diferença” (2017), tem surpreendido seus seguidores do Instagram com mais um talento: o desenho.

Seja um autorretrato, uma aquarela inspirada em Mulan ou até mesmo homenagens às irmãs Jenner e ao filme “Meninas Malvadas”, as ilustrações feitas à mão são um hábito autodidata cultivado por ela há tempos. “Eu tenho artista na família, então meio que sempre desenhei. Era a coisa que eu mais fazia quando era criança, minha apostila do colégio era sempre cheia de rabiscos”, explicou.

No bairro do Limoeiro

Assim como a maioria das crianças brasileiras, o primeiro contato com a arte sequencial veio a partir dos gibis da “Turma da Mônica”. Fã da personagem Marina, criação de Maurício de Sousa – e que tal qual a protagonista da trama, é inspirada em uma de filhas do autor -, a atriz se apaixonou pela narrativa e foi mudando de formato enquanto crescia. Pulou dos gibis para o “Turma da Mônica Jovem”, inspirado nos mangás japoneses, e chegou à sua mais nova menina dos olhos, as graphic novels.

Apesar do nome gringo, a forma nada mais é do que uma HQ publicada em formato de livro, uma espécie de “romance-gráfico”. O debute no novo estilo veio com “Dois Irmãos”, adaptação de Milton Hatoum, assinada pelos irmãos brasileiros Fábio Moon e Gabriel Ba.

Foi amor à primeira leitura, e ela não parou mais. Numa espécie de “clube do livro”, Giovanna Grigio divide nas redes sociais, religiosamente, o escolhido da vez. Inspirado nos posts da atriz, a reportagem pediu que ela escolhesse os três favoritos da sua estante. Confira abaixo:

1) Persépolis, Marjane Satrapi: Uma jovem iraniana que sonha em ser vidente acompanha de perto a queda do Xá e de seu regime brutal. No entanto, ela acaba se revoltando contra as imposições fundamentalistas dos rebeldes, especialmente contra as mulheres.

2) A Origem do Mundo: Uma história cultural da vagina ou a vulva vs. o patriarcado, Liv Strömquist – Por que as sociedades alimentaram uma relação tão esquizofrênica com a vagina ao longo dos séculos? Por que a menstruação é um tema apagado de nossa cultura quando costumava ser algo sagrado para os povos ancestrais? A origem do mundo escancara interditos e desafia mitos e tabus. Um livro genial, catártico e absolutamente necessário.

3) Duas Vidas, Fabien Toulmé: Baudouin leva um dia a dia sufocante em um emprego monótono. Luc, por outro lado, é um espírito livre, que viaja o mundo praticando medicina. Ele faz tudo para tirar o irmão mais novo da inércia e mostrar o que a vida tem a oferecer. O que finalmente convence Baudouin é a descoberta de um tumor e a perspectiva de que lhe restam apenas poucos meses de vida.

Maurício de Souza

A artista conta que um dos momentos mais marcantes desse ano foi a visita que fez ao estúdio da Maurício de Souza Produções (MSP), na zona oeste de São Paulo, onde todas as histórias da turminha do Limoeiro são criadas. “Eu quase chorei! O Maurício é perfeito, um baita artista. É uma empresa mega tradicional, mas muito aberta para coisas novas, a novos artistas e ao estilo deles de desenhar. E é quase tudo feito no papel mesmo. Quase pedi um emprego! (risos)”, brincou Giovanna.

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