O ministro Gilberto Gil lançou ontem o programa que ele considera a sua menina-dos-olhos, plano que está sendo estudado desde o início de sua gestão e que ele pretende que promova uma “revolução silenciosa” na cultura do País. É o Pontos da Cultura, um investimento de R$ 240 milhões em 4 anos que pretende estimular a produção cultural comunitária, o pequeno produtor.

“Trata-se de um programa flexível, que se molda à realidade, em vez de moldar a realidade”, disse o ministro, ao lançar a idéia geral do plano, há um mês. Inicialmente, o Ministério da Cultura destinará R$ 5 milhões a 190 produtores (R$ 25 mil para cada), além de dotá-los de estúdios de gravação digital, com capacidade para gravar, fazer uma pequena tiragem de CDs e dispor na internet o que foi gravado, além de estúdios de vídeo digital, com câmera, ilha de edição, microfones e mala de luz. Também serão oferecidos 190 computadores operando em software livre para os grupos.

Nesta sexta-feira, no Diário Oficial da União, serão publicados os nomes dos 190 selecionados pelo projeto (escolhidos entre 840 inscritos de todo o País). São comunidades quilombolas, 15 comunidades e assentamentos rurais, grupos caiçaras da Juréia e de São Sebastião (litoral de São Paulo), 10 projetos de hip-hop, grupos de coco e maracatu nordestinos, além de comunidades da periferia das grandes cidades, entre outros. “Agora será da periferia à periferia, e depois ao centro”, disse Gil.

O programa prevê uma parceria com a Prefeitura de São Paulo (a ser firmada depois da eleição), para a criação de um núcleo de cultura digital no Centro Cultural Olido, recém-inaugurado no centro de São Paulo. De acordo com o secretário de Programas e Projetos Culturais do MinC, Célio Turino, os grupos receberão o dinheiro em 5 parcelas. A primeira, de R$ 25 mil, nessa primeira fase. Depois, mais três de R$ 30 mil, e uma quinta de R$ 35 mil.

O Ministério da Cultura providencia, além dos recursos, o acompanhamento, o treinamento dos monitores, a articulação institucional e a rede, que é um aspecto vital do programa (todos os Pontos de Cultura estarão em rede para trocar informações, experiências e realizações).

Ancinav deve virar só Anav

Reunidos em Brasília no início da semana, integrantes do Conselho Superior de Cinema (CSC) chegaram a um consenso: talvez seja necessário mudar o nome da Agência Nacional de Cinema e do Audiovisual (Ancinav), que ainda nem nasceu, para simplesmente Anav (Agência Nacional do Audiovisual).

Esse foi um tema tratado na reunião de terça em Brasília. “Não foi um ponto muito importante da reunião, e também não foi decidido nem votado, mas alguns conselheiros ponderaram que a mudança talvez seja importante”, disse Orlando Senna, secretário do MinC.

“Só a França e o Brasil estão usando o cinema no nome de sua agência reguladora do setor”, ele ponderou. “A questão é que o termo audiovisual engloba o cinema, então fica uma coisa meio torta, na minha opinião”.

continua após a publicidade

continua após a publicidade