Chega de política. Gilberto Gil quer agora direcionar suas forças para a música. Só para a música. “Sempre preparei minha voz para cantar, mas estava fazendo discursos apenas. Minha voz estava ficando muito maltratada pela fala. Foi o que mais me preocupou na hora de me desligar. Agora, quero fazer com ela o que mais gosto, que é cantar”, diz ele, que afirma não ter se arrependido dos cinco anos e meio que esteve ligado ao Ministério da Cultura. Gostei de ser ministro e poderia inclusive voltar a ser em algum momento.
No show desta sexta-feira (31), o primeiro que Gil faz em São Paulo desde que deixou o Ministério da Cultura, o artista mostra músicas de seu novo disco ‘Banda Larga Cordel’ e canta sucessos antigos como Refazenda, Palco e Realce.
“É sempre bom tocar em São Paulo, as pessoas aqui se entusiasmam com a música popular brasileira. Elas têm noção do seu papel e responsabilidade no cenário da música popular no Brasil. É uma questão cultural que só o público de São Paulo tem.” Seguidor das inovações tecnológicas, ele afirma que só se manteve como artista pela força do seu trabalho. “A minha geração tem uma imagem sublimada, os artistas são semi-deuses. Mas, ainda assim, é muito difícil continuar, só o trabalho mesmo. Estamos na era da descartabilidade, da rapidez, os artistas contemporâneos dessa era, por exemplo, têm de se reinventar. Eu experimento.”
Nos cinco anos e meio em que exerceu o cargo de ministro da Cultura, Gil nunca deixou a música totalmente de lado. Fez shows esporádicos nos pequenos períodos de folga. Além de assinalar a volta do compositor e do músico à música, o álbum ‘Banda Larga Cordel’ é um flagrante de sua boa forma artística, com belas melodias e letras luminosas. Nove dessas canções estão no roteiro do show, em que ele canta acompanhado por Sérgio Chiavazolli e Bem Gil (guitarras), Arthur Maia (baixo), Alex Fonseca (bateria), Cláudio Andrade (teclados) e Gustavo di Dalva (percussão). A cenografia é de Hélio Eichbauer. As informações são do Jornal da Tarde.