Michael Jackson mudou a história da música no século 20, tanto quanto os Beatles ou Bob Dylan. Além dos passos de dança que inventou (como o moonwalk, aquele jeito de parecer que está deslizando para trás), Michael Jackson ajudou a quebrar o preconceito de gerações em relação à música pop. Ele morreu ontem, em Los Angeles, possivelmente após sofrer uma parada respiratória em sua casa. No Brasil, o ex-ministro da Cultura Gilberto Gil lamentou o fato. “Fico triste em ver um talento tão incrível e grandioso nos deixar tão cedo. Sentirei saudade do Rei do Pop.”
Há 26 anos, quando lançou o disco “Thriller”, inscreveu definitivamente seu nome na história da música, o álbum se tornou o mais vendido de todos os tempos com 40 milhões de cópias. Mas, sua obra-prima não foi o único momento em que vitaminou a música popular (“Off the Wall” e “Bad” são igualmente impressionantes), ele vendeu mais de 750 milhões de álbuns pelo mundo. Já criança, com os irmãos Tito, Jermaine, Jackie, Marlon e Randy, balançou os alicerces da música negra americana nos anos 1970. Logo depois, em carreira-solo, trouxe os códigos do hip-hop para uma região confortável da música, isso quando o hip-hop ainda não era o mainstream.
Michael Jackson flertou com o heavy metal, trazendo o famoso Slash, do Guns N’ Roses, para tocar consigo. Também rompeu barreiras sociais, integrando sons do gueto e do povo com as tramas da alta sociedade. O rei do pop criou as regras prototecnológicas do moderno espetáculo de arena, e foi seguido por outros de sua geração, como Madonna, U2 e mesmo os Stones. Nos anos 1980, tornou-se o primeiro artista afro-americano a entrar de sola na grande janela da adolescência branca com seus videoclipes insuperáveis, como “Beat It”, “Billie Jean” e “Thriller”.
No ano passado, ao fazer 50 anos de idade, Jacko, como era mais conhecido, tinha deixado de ser gênio para ser só excêntrico. Fez discos a custos astronômicos (“Invincible”, um dos mais recentes, teve gasto de US$ 30 milhões, o que fazia cada cópia do álbum custar uma fortuna). Fora de forma e com a saúde abalada, voltou a fazer shows e anunciou 50 apresentações em Londres até março de 2010 – precisava pagar contas atrasadas, que eram muitas. Michael esteve no Brasil em 1993 e depois voltou para gravar videoclipe com o Olodum.