Gigante do riso

Antônio Pedro tem reavaliado seus conceitos profissionais e afetivos. Depois de ter um filho temporão há pouco mais de um ano – Fábio, com a atriz Andrea Bordadagua -, o ator de 66 anos reviu toda a sua trajetória. ?Achei que não tinha mais conteúdo para fazer um filho?, diverte-se. O que mais o surpreende, no entanto, é ter aceito o papel do turrão e baixinho Valério, marido fiel de Dionísia, de Norma Blum, em Malhação. Afinal, Antônio sempre teve uma queda assumida por programas de humor na tevê, desde que estreou na Globo em O Bofe, em 1972, na pele do engraçado Pedrão, amigo do mocinho Dorival, de Jardel Filho. ?Amigo do mocinho sempre foi minha especialidade. Mas agora estou na fase dos avós na tevê. Só na tevê?, brinca o ator.

P – Com 47 anos de carreira, como é trabalhar com tantos novatos?

R – Ator aprende mesmo por osmose, na hora de contracenar. Não adianta dar dicas, mas tenho estrada. Estreei na TV Tupi em 1960. Mas sempre fiz mais teatro dirigindo, produzindo, atuando. Sempre vivi do teatro, mas nunca larguei a tevê. Vim para a Globo em O Bofe, em 1972. Mas eu gosto mesmo é da linha de shows. Trabalhei oito anos com o Chico Anysio. Gosto de fazer palhaçadas.

P – Por isso você sempre faz personagens cômicos até em novelas?

R – É a minha praia. Minha maior saudade é da Escolinha do Professor Raimundo. Tudo era feito como se fosse ao vivo. Chegávamos às 10h da manhã, gravávamos direto, sem interrupções e, ao meio-dia, íamos embora. Em setembro já tirava férias porque tinha gravado o ano inteiro. Só voltava em março. Era uma beleza, só tinha craques. Depois, saíamos para almoçar e era divertido pra burro. Ficávamos até as cinco da tarde com o Brandão Filho, José Vasconcelos, Rogério Cardoso. Só contadores de causos, né? Anos e anos de aventuras.

P – O que está faltando no humor na tevê?

R – O Chico Anysio faz falta. A tevê precisa dos programas dele, daqueles tipos. Ele percebe com muita inteligência as figuras brasileiras. Sinto falta dele na parte de humor. Esse estilo é para poucos, não se inventa humoristas. Uma pessoa não aprende a ser engraçada. Antes o talento era fundamental na tevê. Vivi na nata, onde só a tecnologia era arcaica. 

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