Em 2006 Marcos Caruso e Jandira Martini completam 21 anos de trabalhos em conjunto. A parceria rendeu espetáculos que ficaram na história do teatro brasileiro, como as comédias: Quem matou Amèlie de Port-Salut? (1988), Porca miséria (1993), Os Reis do improviso (1998) e Operação abafa (2006). Atualmente sua primeira parceria teatral está em turnê, a peça Sua excelência, o candidato, que fica em cartaz hoje e amanhã no Teatro UnicenP. O espetáculo narra os bastidores da política em torno de um despreparado candidato.
Autores, diretores, atores e produtores, Caruso e Jandira ganharam o Prêmio Mambembe, o APCA e o Shell por Porca miséria, em 1994. Para Sua excelência, o papel de protagonista ficou nas mãos do ator Reynaldo Gianecchini. Dado o momento em que a atenção do povo brasileiro se volta para a política, devido aos freqüentes escândalos e por ser um ano eleitoral, a peça parece estar no período perfeito para garantir risadas ao público. Gianecchini não se espelhou em um político em específico para caracterizar o personagem, para ele, o quadro geral dos políticos são sua maior referência.
?Apesar de ter 20 anos, a peça parece ser escrita para o tempo atual. A desonestidade impera e o próprio personagem vai se enrascando nas situações que surgem. É um espelho daquilo que vivemos?, afirma o ator. Na leitura do texto não foram necessárias mudanças no roteiro, exceto pela moeda, que do cruzeiro passou a real. O montagem tem direção de Alexandre Reinecke.
Sua excelência, o candidato estreou em 1985 e ficou quatro anos em cartaz, garantindo a Jandira e Caruso o Prêmio Molière de melhor autor de 1986. Foi a primeira vez que o troféu foi entregue a autores de comédia. O desenrolar da trama gira em torno de Orlando (Gianecchini), um jovem candidato a um cargo público. A salada de trapalhadas começa com a amante de Orlando, Laura (Lara Cordola), esposa de Ezequiel (Paulo Coronato), o chefe político que será responsável pela sua escolha.
Sua vida fica mais instável quando surge Marli (Roseli Silva), uma mãe solteira que reclama a paternidade de Orlando para seu filho de dez anos. O show continua com um porta-voz bajulador, Atos (Norival Rizzo), um mordomo-travesti, Eurípedes (Wilson de Santos) e um japonês, Kagashima (Massayuki Yamamoto), líder sindical dos hortifrutigranjeiros de Cotia. ?Orlando é um personagem carismático, poético, que tem suas inseguranças. Ele não deve ser visto como bom ou mau, ele é humano e tem suas inseguranças?, diz Gianecchini.
Sem algum posicionamento político, para o ator a peça deve ser vista simplesmente como uma comédia, mesmo que ela faça o público pensar. ?Acredito que todos nós cometamos pequenos delitos no dia-a-dia, mesmo as pessoas incorruptíveis?, opina. Em apenas uma noite seu personagem cria e resolve uma grande confusão. Tal como na vida, o espetáculo promete pregar uma peça nas pessoas. Após Curitiba, o espetáculo segue para Ribeirão Preto (SP) e depois vai para a cidade de São Paulo.